2010/06/30

Jornalismo (quase) open source

No revés das novas e abrangentes tendências midiáticas, há entranhada uma das mais perversas ervas daninhas - o interesse próprio. Trata-se da prévia corrosão do novo jornalismo open source, no qual espera-se a ampliação dos leques de informações, que, teoricamente, vindos de direções diversas, poderiam convergir para um idéia final mais apurada, mais próxima do que seria a realidade social.

O acesso às novas ferramentas inerentes à internet, a exemplo óbvio dos próprios blogs e do twitter, tornou-se em pouco tempo uma via expressa de alta velocidade, sem filtros específicos para se conter, pelo menos, as notas de origem, o alicerce da notícia. E na verdade, não poderia ser diferente, pois do contrário não desfrutaríamos da tão propalada (nova) liberdade de expressão, da mesma forma contaminando o processo.

O que acontece? Na nova via expressa, acidentes diversos, na medida em que o novo nos surpreendeu ("Eu tenho a força!"). Ok, acidentes acontecem, mas muito além da imprudência, imperícia e negligência, temos no bojo atual o dolo do erro. É postar ao bel prazer, sem medir as consequências.

Particularmente em Campos, nos últimos dias foi grande o número de curiosos e mesmo jornalistas que comentaram movimentações judiciais como quem fala sobre o último jogo da seleção brasileira ou sobre o Arapiraca Futebol Clube. Exocets sem rumo. Tiradas infelizmente hilariantes, absurdas e preocupantes, que ditavam parte da medida dos postantes. Além do paralelismo com o Direito, a preocupação refere-se ao descompromisso com a sociedade, abolutamente torpedeada; refere-se ao regar das plantas do próprio quintal, em detrimento da construção de um jardim comunitário.

Seja qual for a informação, ética e compromisso social.
Acho que ainda não seria pedir demais da nossa cidade.

Um comentário:

Rose David disse...

É isso aí, Luciano. Concordo plenamente com você. Tantas informações desencontradas terminam dando um nó nas cabeças dos leitores.

Você foi direto na veia.