2010/06/14

(Im)Parcialidade, comunicação e sociedade

Quem trabalha com comunicação e estuda o setor sabe que, na maior parte das vezes, os acontecimentos primários e que resultam em desdobramentos de aspecto tecnológico ou de referência para o desenvolvimento dos sistemas operacionais dos meios de comunicação de massa, no que se refere por exemplo à linha editorial e caráter de abrangência de cobertura, surgiram e ainda surgem nos Estados Unidos.

Exemplos temos diversos, mas citamos aqui um dos mais recentes – trata-se do apoio dos veículos de imprensa a candidatos a cargos políticos, de modo aberto ou velado sem muitos cuidados. E dizemos recente num contexto de história. Tal apoio absolutamente disfarçado (ou mal) ou negado mesmo diante de evidências já acontecia, especialmente no Brasil, mas explicitamente, como através de editais, molda-se numa forma até corajosa de assumir uma posição em prol do que se julga melhor para a comunidade, e que de rastro deixa um ingrediente a mais na eterna discussão acerca da (im)parcialidade do jornalista, embate entre posicionamento pessoal como membro da sociedade e busca da verdade crua, vísceras expostas. Esse tipo de posição hoje, inclusive, sofre menos críticas, pois entrou na discussão a questão empresarial.

Não pretendemos aqui iniciar uma discussão intrínseca sobre (im)parcialidade, embora caiba em situações análogas, mas sim atentar para um pequeno grande detalhe – o meio de comunicação, ao apoiar um candidato ou mesmo um político com mandato, por decisão de seus proprietários, e cujo material de divulgação é claro neste sentido, não deveria opor-se às responsabilidades, mas basear-se nelas justamente para assumir a coragem de ter assumido tal posição, e buscar nas suas próprias entranhas respostas para possíveis questionamentos e alicerce para a defesa de suas idéias e interesses.

Não nos parece que creditar à população uma determinada idéia própria defendida, sem que isso venha ser efetivamente balizado e mesmo jornalisticamente comprovado, seja maneira adequada de se blindar um posicionamento. Tal escudo nasce frágil, visto que a própria comunidade não vê ali seus sentimentos, sua vontades, suas manifestações legítimas.

Comunicação é poder, e implica em riscos e adoções de atitudes. Mas é mostrar-se e mostrar a realidade. No mais, é informação distorcida.

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