2019/12/26

Feliz ano novo


Sergio Moro é eleito uma das 50 personalidades da década pelo jornal 'Financial Times'

Jornal cita atuação de Moro na Lava Jato. Barack Obama, Vladimir Putin, Emmanuel Macron, Kevin Feige e a disputa entre Cristiano Ronaldo e Messi também estão na lista.

Por G1
 
O Ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, foi eleito uma das 50 pessoas que marcaram a década pelo jornal "Financial Times". A publicação divulgou a lista nesta terça-feira (24), e justificou a escolha pela liderança do então juiz na Lava Jato, operação que teve desdobramentos inclusive em outros países da América Latina, como o Peru.
 
"A investigação sobre pagamentos de propina do grupo da construção Odebrecht levou à prisão do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e indiciou outros quatro ex- ou então presidentes do Peru — um deles se matou com um tiro antes que a polícia pudesse prendê-lo", afirma a "Financial Times".
 
O trecho faz referência à morte de Alan Garcia, ex-presidente peruano que se matou neste ano no momento em que seria preso no desdobramento da Lava Jato no país.
 
O jornal ainda menciona a nomeação de Moro, ainda no ano passado como ministro de governo do presidente Jair Bolsonaro e cita as polêmicas decorrentes da decisão.
 
"No ano passado, o Sr. Moro se tornou ministro da Justiça no governo do presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro — um movimento em direção à política que colocou em dúvida sua independência como juiz, mas que pode tê-lo colocado na corrida pela Presidência", conclui o texto.
 

50 personalidades da década


O jornal escolheu políticos, empresários, atletas e ativistas que "refletem o desenvolvimento" dos últimos dez anos.
 
Além de Moro, há políticos como Barack Obama, Vladimir Putin, Emmanuel Macron, Angela Merkel e os irmãos Koch. Na parte de tecnologia e economia, estão Jeff Bezos, Tim Cook, Bill e Melina Gates, Elon Musk, Thomas Piketty, Kylie Jenner e Elizabeth Holmes.
 
O presidente da Marvel, Kevin Feige, e a disputa entre Cristiano Ronaldo e Messi também aparecem na lista, representando cultura, mídia, esportes e ciência.
 

2019/12/23

"A Lista de Duvivier é um monumento à sordidez"

O depoimento do comediante à PF confirma que certas demonstrações de covardia requerem mais coragem que atos de bravura em combate                                 

 
Capturadas pela Polícia Federal, as conversas da dupla no aplicativo Telegram revelam que Gregorio Duvivier e Walter Delgatti Neto nasceram um para o outro. “Feliz de conhecer o hacker”, festejou o humorista na manhã de 14 de julho, ao receber o primeiro recado do chefe da quadrilha que estuprara o sigilo de mensagens atribuídas a Sergio Moro e procuradores federais engajados na Operação Lava Jato. Em seguida, cumprimentou Delgatti pelo crime praticado em parceria com Glenn Greenwald, receptador do material roubado. “Você vai mudar o destino do país”, derramou-se Duvivier. Algumas dezenas de palavras depois, o tom íntimo do diálogo digital lembrava um reencontro de amigos de infância.
 
“Tem algo da Globo?, pergunta Duvivier. Animado com o recado seguinte — “Peguei bastante” —, quer saber os nomes das vítimas. Decepcionado com a informação de que o único alvo fora William Bonner, o comediante trucida valores morais, códigos éticos e a língua portuguesa com apenas oito palavras: “Cara os chefões da Globo vale pegar hein”. A risada eletrônica que encerra a resposta informa que Delgatti acha a ideia divertida: “Me fala nomes kkkk”. A conversa é retomada com a Lista de Duvivier. Começa com Carlos Schroder, diretor-geral da Globo, e Ali Kamel, diretor de jornalismo da rede de televisão em que o comediante frequentemente se apresenta.
Tão agressivo nos discursos de palanqueiro do PT, tão atrevido ao invocar o direito de ofender a religiosidade alheia, o Duvivier beligerante sumiu assim que a Polícia Federal apreendeu o palavrório sórdido. Entrou em cena o pusilânime pronto para a rendição desonrosa. “Ele entregou espontaneamente todas as mensagens trocadas com o hacker, com o objetivo de cooperar com as investigações”, disse o advogado Augusto de Arruda Botelho. Ao declamar sua versão no depoimento à PF, o humorista confirmou que certas demonstrações de covardia requerem mais coragem do que atos de bravura em combate que rendem medalhas e condecorações.
Segundo o advogado, “Gregorio explicou detalhadamente que, aleatoriamente, mencionou uma série de nomes, em uma conversa informal, sem qualquer intenção ou interesse de que tais nomes de fato fossem interceptados ou muito menos investigados”. As “menções aleatórias, fruto de mera curiosidade”, não incluíram alguma professora de matemática que o perseguia, ou a namorada com quem dividiu o primeiro beijo, ou o vizinho que lhe confiscava o sono ouvindo música sertaneja no último volume. Sem saber por que, o depoente foi logo pensando nos diretores da Globo, no governador Wilson Witzel, no juiz Marcelo Bretas, responsável pelas ações da Lava Jato no Rio, além de outros inimigos do tempo presente. É muito cinismo e pouca vergonha.
O que deveria ser um depoimento foi uma piada sussurrada por um humorista apavorado. Foi também uma prova de que medo de cadeia cura insolência.
 

2019/12/22

A lanterna de Delfim

Foto:Claudio Gatti

Considerado o pai do milagre econômico, Delfim Netto é um eterno otimista e entusiasta das reformas propostas pelo ministro Paulo Guedes, considerando-as ambiciosas. Acha, contudo, que as medidas precisam ter respaldo maior no Congresso. Ele acredita que a economia crescerá, mas nunca mais acima de dois dígitos, como aconteceu durante o regime militar em que ele era tido como o mago do desenvolvimento

Tal qual Diógenes com a sua lanterna a vagar pelas ruas em busca de um homem honesto, o ex-ministro, ex-deputado e decano da economia brasileira, Antônio Delfim Netto, há décadas orbita o poder e o alerta sobre os caminhos certeiros na direção do crescimento sustentável. Não é para menos. Do alto de uma cátedra que enfeixa desde passagens pelo Ministério da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura a expedições intelectuais por territórios do mundo como embaixador na França, o fecundo e mais brilhante economista de todos os que passaram pelo poder na história republicana sabe do que fala. Foi dele o mérito do chamado “milagre” do desenvolvimento acelerado entre os anos de 1968 a 1973. Dele, é também aquela que ficou conhecida como a “inflação do chuchu” — por sua mecânica atrelada ao preço da hortaliça. Delfim, o camaleão de mil faces, vestiu com naturalidade o fardão da ditadura, sem nunca ter sido militar, e embalou-se com as deliberações do AI-5. Mas soube se esgueirar pela borda dos debates de esquerda, envolvendo-se e dando conselhos a Lula, Dilma e, quiçá, Fernando Henrique, para fazer brotar o Plano Real. Delfim é vulcânico em suas impressões e voraz nas críticas. Parrudo e espaçoso em todos os sentidos, garantiu assento cativo na vaga de conselheiro informal de praticamente todos os governantes — militares ou civis, à esquerda e à direita, sem preconceitos ideológicos, de credo ou origem. Ao longo de sua trajetória, a paternidade de uma ideia – teve outras, mas essa certamente o guindou ao posto de guru — fez com que todos compreendessem a importância de deixar crescer o bolo para depois dividi-lo.
 
“No setor público, o ajuste fiscal caminha razoavelmente. Seguramente estamos na direção do controle da relação entre dívida pública e PIB, importante para dar uma perspectiva melhor para o futuro”
 
Delfim foi e segue sendo um atávico defensor do crescimento econômico, como saída para todos os males. É um otimista por convicção e princípio. Têm seus diagnósticos e modestamente expressa sugestões que calçam feito luvas no complexo e barroco tabuleiro de disputas das propostas hoje em análise. O verdadeiro czar da economia não anseia os holofotes. Ao contrário. Prefere a discrição do seu escritório no sofisticado bairro do Pacaembu, em São Paulo, de onde, tradicionalmente, dia após dia, aboleta-se em sua poltrona para registrar ensinamentos. Exibe-os aos interessados quando solicitado. Jamais toma a iniciativa. Os artigos que publica são alvo de profunda imersão e pesquisa para as conclusões. Nos últimos dias, da mesma maneira que passou os mais de 70 anos anteriores, tem se dedicado a destravar problemas complexos de áreas tão distintas como educação e infraestrutura. Seus diagnósticos são evocativos de uma singular precisão sobre a doutrina cíclica das crises apocalípticas. O Brasil estaria ao final e ao cabo de uma delas, prestes a decolar de novo — e, agora, robustecido por uma musculatura de experiência que os tempos e desafios passados lhe proporcionaram. O conselheiro mais influente e onipresente dos mandatários do País, desde a era militar, está fazendo alertas estratégicos para as batalhas que se apresentam. Vai costurando uma teia de teorias que, juntas, podem elucidar a complexa equação que mistura geração de empregos, resgate da indústria, incremento das exportações, estímulo aos investimentos e garantia de um mercado de ações ativo para firmar o chamado ciclo positivo da economia.
 
Aos 91 anos, ele continua um otimista incorrigível. Acha que as mudanças propostas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, são mais ambiciosas “do que aquelas que qualquer um tenha imaginado até hoje”. As mudanças estruturais que Guedes está propondo dentro do plano “Mais Brasil” têm o condão de organizar a economia. Para o ex-ministro, que já foi considerado o czar da economia brasileira nos anos áureos do milagre econômico — por mais que ele tenha acontecido durante os anos de chumbo da ditadura militar —, as transformações propostas por Guedes comportam “ambições” maiores em relação às que ele próprio sugeriu no programa “Ponte para o Futuro” posto em prática pelo ex-presidente Michel Temer em 2016 como forma de recuperar a economia do desastre deixado por Dilma Rousseff. As opiniões de Delfim, portanto, têm um peso exponencial, já que ele, quando foi ministro da Fazenda na década de 70, levou a economia brasileira a crescer em ritmo chinês, de 11% ao ano. Delfim acredita que o atual governo, no entanto, em que pese os bons técnicos disponíveis na equipe econômica, não conseguirá repetir os resultados do milagre.“O mundo era outro, as circunstâncias eram bem diferentes”, ressalva. O mago da economia entende que se o País crescer hoje a uma taxa de 4%, “já estaremos avançando tanto quando naquele momento”. É o que disse ele em entrevista exclusiva à ISTOÉ na segunda-feira 18.
 
 
Em seu luxuoso escritório pisaram ministros da Fazenda de quase todos os governos desde o final da década de 50. Os conselhos de Delfim foram fundamentais, tanto que Lula recomendou que Dilma, ao sucedê-lo, se aproximasse mais de Delfim e ouvisse suas propostas para tirar o País da crise. A ex-presidente, arrogante, claro que não o escutou. Em 2016 Delfim e outros economistas ajudaram o MDB a formular o “Ponte para o Futuro”, do então vice-presidente Michel Temer, com propostas profundas para retomar o equilíbrio fiscal. Enquanto Dilma sofreu o processo de impeachment, Temer executou o plano. De imediato, o ministro da Fazenda da época, Henrique Meirelles, obteve a aprovação do limite do teto de gastos, o que estabilizou as despesas públicas. Uma política que está sendo seguida também pela equipe de Paulo Guedes.
 
 
Propostas ambiciosas
 
Delfim entende que a política executada pelo atual ministro da Economia, obedecendo os fundamentos do corte dos gastos públicos lançados pelo governo anterior, já está surtindo efeitos positivos. “No setor público, o ajuste fiscal caminha razoavelmente”, diz ele, que continua mais ativo do que nunca, não apenas como professor emérito da Faculdade de Economia e Administração (FEA), da Universidade de São Paulo (USP), mas também como consultor de grandes empresas. Para ele, a redução da taxa de juros, que atinge o mais baixo patamar da história (5% ao ano), pode atrair novos investidores. “Somos um País com estabilidade, com projetos que têm taxas reais de retorno de 7% a 8% ao ano, por 25 ou 30 anos, quando o mundo está com taxas de juros negativas”.
 
Valendo-se de sua expertise na atração de recursos no exterior, o ex-ministro recomenda que o atual governo negocie melhor com o Congresso os avanços propostos por Guedes e fixe regras para que flua melhor a atração de investimentos por meio das privatizações, leilões e projetos de parcerias-público-privadas — fundamentais para o crescimento da economia. Ele sugere a criação de um “fast-track”, uma lei delegada na qual o Congresso entregue ao Poder Executivo as condições de produzir esse processo de atração de capitais. “O fast-track seria uma via rápida a ser aprovada pelo Congresso para conceder ao governo mais poderes para a venda de estatais”. Delfim só teme que isso não seja possível porque boa parte da classe política “guarda muito medo de que o governo Bolsonaro tenha êxito e assim se reeleja em 2022”. Delfim compreende que os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, tenham dado grande contribuição para a aprovação da Reforma da Previdência. Lembra, porém, que o País precisa muito mais do que isso. “O investimento está esmagado. Para 2020, ele será de 0,3% do PIB, quando o ideal seria chegarmos a um investimento de 4% ou 5% ”. Nesse ritmo, diz Delfim, “o Brasil está em pleno subdesenvolvimento acelerado."
 
O guru acredita que a equipe econômica saberá contornar os problemas provocados por esse baixo nível de investimento. Delfim alimenta entusiasmo especial pela “equipe técnica” do atual governo, na qual inclui, além de Guedes, os ministros Tarcísio Freitas (Infraestrutura) e Tereza Cristina (Agricultura), classificados por ele como “espetaculares”. O ex-ministro aposta que se o presidente Bolsonaro deixar essa turma trabalhar, tudo irá melhor, “pois eles representam um programa de modernização, que pode fazer a diferença e significar uma inflexão na história do País”. Adverte, porém, que eles precisam ter suporte do Congresso. O professor tem receio que essa pauta inovadora esbarre na agenda de costumes de Bolsonaro, composta por temas carregados de retrocessos ideológicos, como foi o caso recente da proposta feita pelo deputado Eduardo Bolsonaro. O filho 03 do presidente disse que se o Brasil tivesse conflagrações como as que ocorrem no Chile, poderíamos ter de volta o AI-5, que, no regime militar, fechou o Congresso, cassou políticos, prendeu e torturou opositores do governo. Delfim chegou a ser signatário do AI-5 em 1968, mas retomá-lo hoje, segundo afirma, “seria uma tolice monumental”. A falta de habilidade política do presidente e seus filhos, portanto, é nociva para o clima de estabilidade política e econômica. Para ele, “o presidente nega a coisa mais fundamental de uma sociedade civilizada, que é a negociação política e está confundindo negociação com corrupção”.
 
“O presidente nega a coisa mais fundamental de uma sociedade civilizada, que é a negociação política. Está confundindo negociação com corrupção, igno rando que a política, no sentido republicano, é a coisa mais natural que existe”
Nasce uma estrela
 
O protagonismo de Delfim começou no final dos anos 1950, no governo do Estado de São Paulo, e cresceu na década seguinte, quando integrou um órgão de assessoria à política econômica do governo do general Humberto Castelo Branco (1964-1967). Mas foi com a posse do general Artur da Costa e Silva na Presidência em 1967 que a estrela de Delfim começou a brilhar. Foi nomeado ministro da Fazenda, cargo onde permaneceu até 1974, já no governo do general Emílio Garrastazu Médici, quando se consolidou como o arquiteto do milagre econômico. A memória do Brasil potência, que ele deixou, levou-o de volta ao governo do general João Figueiredo (1980-1984). Primeiro, ocupou a pasta da Agricultura e, depois, a do Planejamento, quando retomou o comando da economia. Na redemocratização, no final dos anos 80, Delfim se tornou deputado federal e participou da Assembleia Nacional Constituinte, onde teve peso muito grande na formulação da atual Constituição.
 
Exerceu uma atuação parlamentar intensa até 2007. Autor de diversos livros, ele é leitor voraz e ficou famoso por comprar obras em baciadas no exterior. Em 2014, doou seus mais de 200 mil volumes para a FEA, onde ainda dá aulas eventualmente. Em mais de 70 anos de carreira pública, muita coisa mudou na sua vida, especialmente a mobilidade, que hoje lhe falta um pouco. Mas o raciocínio brilhante, o bom humor e o otimismo crônico, que continuam ágeis e intactos.
 
ENTREVISTA EXCLUSIVA
O ex-ministro Delfim Netto acredita que Paulo Guedes está propondo mudanças estruturais na economia, de forma mais “profunda” do que se imaginava
 
Qual é a sua avaliação do governo Bolsonaro?
Vejo uma clara divisão. Tem uma área escura, que tem preconceitos identitários e cuida de problemas de costume. Não me agrada. Mas tem uma outra área técnica, com gente altamente competente, que é realmente espetacular: Tarcísio Freitas (Infraestrutura), Tereza Cristina (Agricultura) e Paulo Guedes (Economia). Representam uma proposta de mudança do Brasil. Bolsonaro ajuda deixando-os trabalhar, e atrapalha com as questões da outra área. Esses nomes representam um programa de modernização, que faz diferença e pode significar uma inflexão na história do País, se tiver suporte no Congresso.
 
O senhor concorda com o plano Mais Brasil do ministro Paulo Guedes?
É uma tentativa de se mudar a estrutura administrativa do Brasil. O grosso do excedente produtivo é apropriado por uma casta de funcionários públicos, em um sistema que se autorreproduz. Está no Legislativo, no Judiciário e no Executivo. Esse excedente precisa ser reconduzido para a sociedade, e não para um grupo que detenha o poder. Isso é fundamental.
 
Esse programa pode trazer o crescimento de volta?
Há alguns sinais de que as coisas se recuperam. No setor público, o ajuste fiscal caminha razoavelmente. Seguramente estamos indo para um controle da relação entre dívida pública e PIB, que é importante para dar uma perspectiva melhor para o futuro. Estamos com uma baixa da taxa de juros, que eu acho definitiva. Desde a gestão do Ilan Goldfajn, o Banco Central colocou em marcha um programa de modernização do sistema financeiro que o Brasil estava necessitando. Hoje há um aumento de competitividade enorme com as fintechs. Tudo isso promete. Se houver crescimento, provavelmente não vai faltar o suporte monetário.
 
O que pode atrapalhar?
Minha única preocupação são as posições extremas de Bolsonaro. Ele nega a coisa mais fundamental de uma sociedade civilizada que é a negociação política. Confunde isso com corrupção, ignorando o fato de que o exercício político republicano é a coisa mais natural em todos os governos em que não há maioria no Congresso. O presidente tem 10% do Congresso. Portanto, seria natural que escolhesse parceiros, construísse um programa comum e distribuísse o poder com eles.
 
A economia está no caminho correto?
Algumas propostas são boas, outras são menos boas, mas em geral estão na direção certa. Há uma falta de demanda efetiva. Em condições normais, você mobilizaria alguns recursos e o governo investiria no programa de infraestrutura. Hoje isso é impossível. O País está com um nível de dívida de 80% do PIB, buscando o equilíbrio fiscal. É preciso mobilizar a oferta, os projetos de infraestrutura e as parcerias público-privadas, com financiamento interno ou externo, pois o governo não tem condições de financiar. Vamos corrigir a deficiência de demanda pelo aumento da oferta. À medida em que há aumento da oferta com investimentos, eles se multiplicam, elevam o nível de renda e emprego, e suprem a deficiência de demanda. Precisamos de um mecanismo que se autoalimente com recursos que vêm de fora. Esse é o esquema fora do tradicional “keynesianismo hidráulico”, que não funciona.
 
Mas isso não está funcionando?
Para isso precisamos de um fast-track. Tenho insistido em uma lei delegada. Ou seja, o Congresso, por um período determinado e sob seu controle, entrega para o Executivo as condições de produzir as privatizações, os leilões de investimentos e as parcerias público-privadas. É para o aumento da oferta, paradoxalmente, aumentar a demanda.
 
O fast-track ainda não foi enviado ao Congresso.
Há um problema sério. Honestamente, acho que uma boa parte do sistema político tem muito medo de que Bolsonaro tenha êxito. Porque assim ele se reelegeria. O fast-track é o maior risco para o governo Bolsonaro dar certo. Isso tem implicações políticas muito sérias.
 
Por que o governo não consegue propor esse projeto?
Há uma objeção política. O Congresso tem hoje um protagonismo muito interessante com o Rodrigo Maia e com o Davi Alcolumbre. Eles assumiram o controle da Reforma da Previdência. Mas, ainda que ela tenha feito tanto barulho, representa muito pouco. Temos um sistema em que as despesas correntes são endógenas. Aumentam independentemente do que acontecer. Como há um teto, o investimento foi sendo esmagado. Chegamos ao ponto em que o investimento previsto para 2020 é de 0,3% do PIB. Não poderia ser inferior a 4% ou 5% do PIB. Faz anos que o investimento público é menor do que a depreciação da infraestrutura. O Brasil está em pleno subdesenvolvimento acelerado.
 
Fatores externos ameaçam a retomada econômica?
A perspectiva não é das melhores com o Trump, de um lado, e o Brexit, do outro. Os EUA entregaram a Europa ao Putin. Cometeram equívocos na Ásia, levando uma surra dos chineses, e abandonaram os seus parceiros. Há um mundo instável do ponto de vista geopolítico, como é o caso do Oriente Médio. O Brasil está fora disso, em um mundo de paz. Já representamos uma grande oportunidade para o investidor. Somos um país com estabilidade, com projetos que têm taxas reais de retorno de 7% a 8% ao ano, por 25 a 30 anos, quando o mundo está com taxas de juros negativas. Por isso tenho a esperança de que o Brasil realmente recuperará o crescimento, se tiver acuidade e inteligência. Ninguém está falando em crescimento como o que já tivemos, mas de 3% ou 4%.
 
As taxas de crescimento que aconteceram na época em que o senhor estava à frente da economia voltarão?
Não, era um outro mundo. As circunstâncias eram diferentes. A população crescia 3,5% ao ano. O crescimento de 7% era um crescimento per capita de 3,5%. Se crescermos 4%, estaremos avançando tanto quanto naquele momento.
 
O ministro Paulo Guedes está se inspirando no programa econômico de Temer, para o qual o senhor contribuiu?
Os dois programas convergem. Acho que a ambição do Paulo Guedes é muito maior. Ele está propondo uma mudança estrutural na organização da economia brasileira. É muito mais profundo do que qualquer um tinha imaginado até hoje. Eu diria até que é necessário. Como estamos em um Estado Democrático de Direito, isso precisa ser negociado com a sociedade.
 
O AI-5 voltou ao noticiário com a menção de Eduardo Bolsonaro à possível utilização do instrumento novamente. Há espaço para se discutir uma medida semelhante?
Isso é uma tolice monumental. Não se volta ao passado. Se voltar, é uma farsa. É incompreensível que alguém que seja político proponha uma tolice como essa. No fundo, é porque não entendeu nada da história. É um marginal da história.
 

2019/12/18

Nascidos em novembro e dezembro sem conta na Caixa podem sacar FGTS

Trabalhador pode retirar até R$ 998 por conta ativa ou inativa

Por Agência Brasil
 
 
 

2019/12/17

Sicoob Fluminense recebe prêmio de destaque no Avança.Rio

O Sicoob Fluminense foi a vencedora da melhor cooperativa do ano na categoria “Mais Relacionamento” no Workshop Mais que Negócios, que encerrou o ciclo 2019 do Avança.Rio. O encontro, realizado pelo Sicoob Central Rio para as equipes de todas as suas singulares, no dia 14 de dezembro, no Sítio Lajedo (RJ), impulsionou os colaboradores para novas conquistas em 2020.

O cooperativismo financeiro enquanto sinônimo de boa sociedade, como alternativa econômica para o Rio de Janeiro; o incremento da oferta de crédito pelas cooperativas do Sistema Sicoob Rio sem esquecer o portfólio de produtos, e a manutenção da essência sem perder de vista os avanços tecnológicos – transformação social X transformação digital, foram algumas das principais reflexões provocadas por especialistas, parceiros e personalidades do Sicoob durante o evento.
“O cooperativismo de crédito é a ponta da lança do cooperativismo no Rio de Janeiro, porque combate mazelas como a desigualdade de distribuição de renda”, disse o presidente do Sistema OCB/RJ, Vinícius Mesquita, na abertura do evento. Na mesma linha de pensamento, o palestrante Arthur Igreja, que falou sobre o tema “Experiência do Cliente”, ressaltou cenários em que o cooperativismo de crédito pode atuar na sua plena vocação de conectar pessoas e estabelecer relacionamento. “A ideia é ser digital, mas mantendo a estratégia olho no olho. Esse é um espaço ainda pouco explorado”, ressaltou Igreja.
Ênio Meinen, diretor de Operações no Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), falou sobre “Mudanças, Desafios e Oportunidades”. Segundo o executivo, o que terá mais valor no futuro é aquilo que não pode ser digitalizado, automatizado, robotizado.  Já a gerente de Produtos e Apoio Comercial do Bancoob, Débora Ingrisano, encerrou as palestras com o tema “Resultados do Sistema Rio 2019”, chamando atenção para a necessidade de evolução e engajamento com o portfólio, de gerar mais receita, atender as necessidades das comunidades.

Premiação

Durante o evento, além do Sicoob Fluminense, foi também anunciada a vencedora de melhor cooperativa do ano na categoria Índice de Aproveitamento do Produto – IAP, a Sicoob Coopjustiça, e houve a revelação dos vencedores do Desafio Avança.Rio Acelera e dos destaques por produto – Cartões, Cobrança Bancária, Consórcio, Seguros de Vida, Sipag, Seguros Gerais, Consignado e Previ.

Sicoob Fluminense

A voz do interior do estado foi representada pela vitória do Sicoob Fluminense como Cooperativa do Ano na categoria Mais Relacionamento.
“Mais do que ganhar, esse é um sentimento de que a equipe trabalhou muito. O Sicoob Fluminense traz a realidade do interior, que é cheia de adversidades. E esse prêmio mostra que mesmo na adversidade é possível conquistar resultados. Com certeza essa premiação é um divisor de águas, pois acompanhamos muito de perto a garra dos colaboradores, que queriam muito vencer”, descreveu Neilton Ribeiro da Silva, Diretor-Presidente do Sicoob Fluminense.
O Sicob Fluminense também foi destaque com  Estefany Santos – vencedora no produto Consignado. Agente de Atendimento do Sicoob Fluminense, ela completou um ano na instituição em setembro e já comemora o troféu. “Com os atrativos do consignado conseguimos fazer o nosso cooperado realizar os seus sonhos. Estou muito feliz com esse prêmio, me sinto honrada. Espero motivar também a minha cooperativa sempre e trabalhar para conseguir me destacar outras vezes”, afirmou.
E a cooperativa ainda se destacou no Desafio Avança.Rio Acelera na categoria Seguros, com Joenes Oliveira, que ganhou  uma viagem com acompanhante para um fim de semana em Búzios, Região dos Lagos, Rio de Janeiro. “Estou muito mais animado para o ano que vem e feliz por poder envolver toda a minha equipe nesse clima de vitória”, disse.
 "Gerar trocas, experiências, conhecimento e energia são aspectos muito positivos que eventos como o Avança.Rio trazem. Realizamos premiações no Workshop Mais que Negócios como uma maneira de reconhecer o esforço dos colaboradores que fizeram acontecer em 2019 e isso é muito positivo para a integração, para a motivação e para as cooperativas", disse Kathia Feitosa, gerente da área de Negócios do Sicoob Central Rio.
Para Nábia dos Santos Jorge, diretora Operacional do Sicoob Central Rio, “o Avança.Rio impulsionou a força de venda das cooperativas. E este ano estamos realizando ações importantes como a restruturação do crédito, para fazer com que recursos que estão fora venham para o sistema, mas sem perder o foco nos outros produtos, que são fidelizadores”.
 
 
 

 

2019/12/16

'Prévia' do PIB do BC registra alta de 0,17% em outubro

O nível de atividade da economia brasileira registrou crescimento em outubro. É o que indicam os resultados de outubro do Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) divulgados na sexta-feira (13) pelo Banco Central (BC).
O indicador é considerado uma "prévia" do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
O IBC-Br apresentou uma expansão de 0,17% em outubro, na comparação com o mês anterior. O resultado foi calculado após ajuste sazonal (uma espécie de "compensação" para comparar períodos diferentes).
Na comparação com outubro do ano passado, o índice apresentou crescimento de 2,13%.
Os números do BC mostram que outubro foi o terceiro mês seguido de crescimento da atividade econômica. Porém, a alta apresentou desaceleração na comparação com setembro – quando foi registrado um aumento de 0,48%.
 
Evolução do IBC-Br
Em %, frente ao mês anterior
Fonte: Banco Central
De acordo com o Banco Central, na parcial do ano, foi registrada uma alta de 0,95% e, em 12 meses até outubro, um crescimento de 0,96% do IBC-Br. Esses valores foram calculados sem ajuste sazonal, pois consideram períodos iguais.

3º trimestre e previsões


De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira cresceu 0,6% no 3º trimestre, na comparação com os três meses anteriores.
Segundo economistas ouvidos pelo G1, o PIB deve manter um ritmo de retomada gradual no último trimestre deste ano e ao longo do próximo, mas sem apresentar um crescimento robusto.
Na semana passada o mercado financeiro estimou uma expansão econômica de 1,10% para este ano e de 2,24% para 2020.

PIB e IBC-Br


O IBC-Br foi criado para tentar antecipar o resultado do PIB, que é divulgado pelo IBGE. Os resultados do IBC-Br, porém, nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do PIB.
O cálculo dos dois têm diferenças. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos.

Definição dos juros básicos da economia


O IBC-Br ajuda o Banco Central na definição dos juros básicos da economia. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária.
Atualmente, a taxa Selic está em 4,5% ao ano, na mínima histórica, e a avaliação do mercado é de que o ciclo de corte dos juros está próximo do fim.
Pelo sistema que vigora no Brasil, o BC precisa ajustar os juros para atingir as metas preestabelecidas de inflação. Quanto maiores as taxas, menos pessoas e empresas ficam dispostas a consumir, o que tende a fazer com que os preços baixem ou fiquem estáveis.
Para 2019, a meta central de inflação é de 4,25%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Desse modo, o IPCA, considerado a inflação oficial do país e medida pelo IBGE, pode ficar entre 2,75% e 5,75%, sem que a meta seja formalmente descumprida.
 
Por Alexandro Martello, G1 — Brasília
 
c/ed.

2019/12/12

Caixa anuncia redução de juros para crédito imobiliário e cheque especial

Medida vem após corte da Selic para 4,5% ao ano. Taxa para crédito imobiliário caiu 0,25 ponto percentual em relação ao praticado atualmente.

Por Luiz Felipe Barbiéri, G1 — Brasília
 
A Caixa Econômica anunciou nesta quinta-feira (12) nova redução dos juros para o crédito imobiliário e o cheque especial. A decisão foi divulgada após o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzir, nesta quarta-feira (11) a taxa Selic para 4,5% ao ano.
A Selic atingiu o menor percentual desde a adoção do regime de metas para a inflação, em 1999. O atual ciclo de redução dos juros começou em julho deste ano.
Segundo a Caixa, no crédito imobiliário, a redução abrange tanto as concessões pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH), quanto o Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) e atinge ainda financiamentos de imóveis residenciais com saldo devedores atualizados pela Taxa Referencial (TR).
De acordo com o banco, a redução é de 0,25 ponto percentual para os clientes que optarem por receber seus vencimentos no banco e manter relacionamento coma Caixa. A taxa efetiva mínima para imóveis residenciais será de TR mais 6,50% ao ano. Essa taxa passa valer no dia 16 de dezembro.
Já as taxas de juros para o cheque especial passam de 8,99% ao mês para 8% ao mês para os clientes que optarem pelo pacote de relacionamento, e de 4,99% para 4,95% ao mês para clientes que escolherem receber seu salário na Caixa.
As novas taxas do cheque especial começam a valer a partir de 2 de janeiro de 2020.
 
“Com a redução da Selic a gente acaba fazendo uma reavaliação e essa reavaliação gera nesse caso redução de taxa de juros para os clientes, uma redução sensível no credito imobiliário e uma marginal no cheque especial”, disse o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, durante anúncio nesta quinta.
 

2019/12/11

Vendas do varejo sobem em outubro e têm 6º mês seguido de alta, diz IBGE

Setor passou a acumular avanço de 1,6% no ano e de 1,8% nos 12 meses encerrados em outubro

Por Bruno Villas Bôas, Valor — Rio
 
O volume de vendas no varejo subiu 0,1% de setembro para outubro, feitos os ajustes sazonais, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ante outubro de 2018, houve aumento de 4,2%. Dessa forma, o setor passou a acumular elevação de 1,6% no ano e de 1,8% nos 12 meses encerrados em outubro.
 
Com o pequeno avanço, o varejo completa seis meses consecutivos de aumento das vendas. Em setembro, o setor havia registrado expansão de 0,8% ante o mês anterior, dado revisado de alta de 0,7% anteriormente divulgada.

A leitura do antepenúltimo mês de 2019 veio ligeiramente acima da mediana das estimativas de 32 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, de estabilidade. O intervalo ia de queda de 0,6% a aumento de 0,7%.
 
O IBGE também informou que a receita nominal (que não desconta a inflação) do varejo cresceu 0,5% na passagem de setembro para outubro e 5,2% perante um ano antes.

Varejo ampliado


O volume de vendas no varejo ampliado — que inclui o comércio de automóveis e material de construção, além de mais oito ramos do varejo — registrou elevação de 0,8% de setembro para outubro e de 5,6% em relação a um ano antes. No ano, houve alta de 3,8%, mesmo percentual registrado nos últimos 12 meses.
Em outubro, perante um mês antes, as vendas de veículos, motos, partes e peças cresceram 2,4% ao passo que as venda de material de construção avançaram 2,1%.
Já a receita nominal (que não desconta a inflação) do varejo ampliado subiu 1,1% na passagem de setembro para outubro e teve elevação de 6,6% ante outubro de 2018.

Atividades


Das oito atividades do varejo, seis apresentaram crescimento nas vendas de setembro para outubro, conforme o IBGE. Apesar da variação pequena no comércio varejista no período, a abertura do indicador mostra que houve espalhamento de taxas positivas no setor do país, mesmo após uma sequência de seis meses de aumento.
 
Dos ramos acompanhados pelos IBGE, houve alta em combustíveis e lubrificantes (+1,7%), tecidos e vestuários (+0,2%), móveis e eletrodomésticos (+0,9%), artigos farmacêuticos e perfumaria (+1,2%), material de escritório e informática (+5,3%) e outros artigos de uso pessoal (+0,3%), ramo que concentra grandes lojas de departamento.
 
“Foi um mês de espalhamento de taxas positivas no mês”, disse Isabella Nunes, gerente da pesquisa, durante coletiva no Rio. “O ramo de móveis e eletrodomésticos chamam atenção, já que seguiram crescendo mesmo após forte alta no mês anterior (+6,2%), o que está ligado ao crédito e juros.”
 
O varejo não cresceu mais em outubro porque o setor de maior peso na pesquisa, o de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, apresentou queda de 0,1% no período, após cinco meses consecutivos de alta, período em que acumulou expansão de 4%.
 
“O setor passou por uma acomodação após o longo período de crescimento”, disse Isabella.
 

2019/12/09

No dia do combate à corrupção, Fux e Moro defendem prisão após segunda instância

Por Gabriel Palma, Elisa Clavery e Luiz Felipe Barbiéri, TV Globo e G1 — Brasília
 
Em cerimônia realizada nesta segunda-feira (09), Dia Internacional do combate à corrupção, no Ministério da Justiça e Segurança Pública, o titular da pasta, ministro Sergio Moro, e o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), defenderam a prisão após a condenação em segunda instância.
Sergio Moro disse respeitar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que derrubou a execução provisória da pena, mas que vê a prisão após condenação em segunda instância como "uma instituição fundamental para a democracia".
"Nós entendemos que execução em segunda instância é fundamental para que o sistema de justiça funcione, para que nós possamos reduzir a impunidade e, com a redução da impunidade, nós só não possamos realizar justiça e reduzir nessa geração, e não em gerações seguintes, mas igualmente reduzir o números de crime aumentando o risco para quem comete esses delitos", afirmou.
O ministro disse que a prisão em segunda instância é importante para o combate a todos os crimes, mas é fundamental no caso do combate à corrupção.
Moro ainda criticou a quantidade de recursos possíveis para a defesa de condenados nos tribunais superiores.
"Não adianta culpar advogado, o próprio criminoso que se vale desses instrumentos, o que nós devemos culpar é a disponibilização pela lei desses próprios instrumentos", explicou.
Luiz Fux afirmou que, mesmo com a decisão do Supremo de derrubar a execução provisória da pena, os juízes podem impor medidas para que os réus não respondam em liberdade.
"O STF decidiu por maioria, vencida uma parte, que não pode haver prisão automática em segunda instância. Então, se o juiz avaliando a prática dos crimes do réu, sabendo que nessa seara os delitos de corrupção, lavagem de dinheiro, peculato, possibilidade de destruição de provas é imensa, o juiz pode perfeitamente impor que o réu não recorra em liberdade. E os tribunais podem reafirmar isso", afirmou.
Ainda segundo o ministro do Supremo, a presunção de inocência vai sendo "mitigada" na medida em que denúncias, condenações avançam.
"Presume que o réu é inocente. Foi denunciado. Já é um desgaste à presunção de inocência. Presume que é inocente. É condenado. Já mitiga essa presunção. O réu é reiteradamente condenado em um tribunal de segunda instância. Enfraquece essa presunção, quase que de forma absoluta", afirmou Fux.
Assim, afirma o ministro do Supremo, cada vez menos os tribunais superiores analisarão a inocência ou não do investigado.
"Os tribunais superiores não podem mais dizer se ele é culpado ou inocente. Os tribunais superiores vão debater questões infraconstitucionais no STJ ou questões federais, que estão previstas na Constituição. E a Constituição, quando ela quis admitir a prisão, ela fez expressamente: ela fala prisão provisória, prisão preventiva, prisão temporária. Vejam: se a Constituição da República admite prisão provisória, preventiva, prisão temporária, ela não vai admitir prisão condenatória por ato judicial exarada por colegial em segunda instância?".
Luiz Fux ainda defendeu o fortalecimento das instituições e a imprensa investigativa. Para o ministro, quanto mais imprensa, menos corrupção.
De acordo com o ministro, as pessoas até podem praticar atos "ilícitos", mas não querem ser descobertos. "E a imprensa ela descortina esses homens que querem combinar honra com dinheiro fácil", afirmou.

Agenda em Brasília


Ao longo desta segunda-feira, Moro e Fux participaram de outros eventos alusivos do dia internacional contra a corrupção. Pela manhã, Moro também participou de cerimônia no Congresso Nacional.
Na ocasião, o ministro da Justiça também defendeu a prisão após condenação em segunda instância. Disse que a execução provisória da pena não resolverá todos os problemas, mas que é um passo fundamental e imprescindível.
Luiz Fux participou de evento do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e defendeu a necessidade do endurecimento das leis como forma de combater a impunidade.
"Quando a lei endurece as pessoas acabam pensando duas vezes. Se as pessoas sabem que o MP está pronto para punir a corrupção diminui. Hoje se vive essa realidade as pessoas cometeram os desvios e se existe correlação entre prêmio castigo é essa, tem que devolver o dinheiro, é preso. O endurecimento das leis é muito importante. As leis saem da casa do povo", afirmou o ministro do STF.
Na tarde desta segunda-feira, o procurador-geral da República, Augusto Aras, também defendeu a prisão após condenação em segunda instância. Ao sair de evento do Ministério Público Federal sobre combate à corrupção, Aras afirmou ser importante retomar a possibilidade de execução provisória da pena.
 
“Importante que se adote as medidas necessárias para se combater a impunidade. E, dessa forma, disse bem o ministro Luiz Fux hoje no nosso evento no CNMP, que há varias forma de ver o julgamento de 6 a 5 no Supremo, uma delas é ver apenas que o julgamento último apenas não condena obrigatoriamente o cumprimento da pena em segunda instância, mas que favorece que todo o sistema de justiça imponha o cumprimento da pena em segunda instância, imediatamente quando se revelem presentes os requisitos da culpabilidade”.
 

2019/12/06

A Firjan Sesi ampliou as opções de atividades esportivas

A Firjan SESI Campos está com novas atividades esportivas esperando por você. Tem Futebol Society, Futsal, Vôlei, Basquete e Natação, com diversas turmas e horários nos períodos da manhã, tarde e noite.

 E você ainda tem direito a usufruir da infraestrutura da Firjan SESI.



2019/12/05

Candidato a reitor do Instituto Federal Fluminense apresenta suas propostas

Arnaldo Neto 05/12/2019 07:47 - Atualizado em 05/12/2019 19:21
 
Aperfeiçoar o diálogo entre a reitoria a reitoria e os campi, não só com gestores, como um todo, está entre as propostas do coordenador do curso de Engenharia, Controle e Automação do Instituto Federal Fluminense (IFF), Maurício Ferrarez, candidato a reitor na eleição da próxima quarta-feira (11). Ele foi o entrevistado desta quinta-feira (5) do Folha no Ar, da Folha FM 98,3, e disse que sua candidatura é de oposição ao atual modelo de gestão e comentou sobre o risco de contaminação do que chamou de política externa (partidária) no processo interno da instituição:
 
— A gente não pode deixar que o processo dentro da instituição seja contaminado pela política externa. As regras que foram colocadas para esse processo eleitoral foram bem rígidas, justamente para não se deixar contaminar. Nenhum candidato pode associar o seu nome a nenhum partido, não pode ter apoio de nenhum sindicato. As críticas que faço é com relação à gestão, não são pessoais. Todas as minhas críticas têm fundamentos.
 
Veja em:
 
http://www.folha1.com.br/_conteudo/2019/12/geral/1255556-candidato-a-reitor-do-instituto-federal-fluminense-iff-apresenta-suas-propostas.html

2019/12/04

Hacker que vazou mensagens da Lava Jato fecha acordo com PF

Em delação, acusado de roubar conversas privadas do Telegram revela que há mais pessoas envolvidas nas invasões de celulares de autoridades

2019/12/03

Brasil: PIB cresce 0,6% no 3.º trimestre

Por Darlan Alvarenga e Daniel Silveira, G1 — São Paulo e Rio de Janeiro
 

2019/12/02

Alta na produção de embalagens sinaliza crescimento da indústria

Em outubro, o setor bateu recorde. As fábricas de embalagens produziram mais de 334 mil toneladas de caixas, acessórios e chapas de papelão, aumento de 2,7% em relação a 2018.

Por Jornal Nacional
 
       

 
Fábricas de papelão batem recorde de produção
Fábricas de papelão batem recorde de produção
No mundo da economia, existem setores que são sempre os primeiros a dar sinais de que as coisas estão melhorando. Um desse setores bateu recorde histórico de produção no mês de outubro.
Máquina em velocidade acelerada para terminar as últimas encomendas do ano.
As fábricas de embalagens tradicionalmente aumentam as vendas nesta época do ano, por conta dos presentes de Natal. Mas, em 2019, o aumento foi ainda maior. É um dos sinais de que a produção industrial vem crescendo. Outras fábricas estão encomendando mais caixas, pacotes, para embalar tudo que produzem.
Em outubro, o setor bateu recorde. As fábricas de embalagens produziram juntas, pela primeira vez, mais de 334 mil toneladas de caixas, acessórios e chapas de papelão, um aumento de 2,7% em relação ao mesmo mês de 2018.
Na fábrica da família de Daniel Leiner, o crescimento em 2019 foi de 10%.
 
“Eu acredito que isso que estamos vivenciando agora na embalagem vai aparecer para o consumidor e para o mercado como um todo em poucos meses”, disse ele.
O papelão é considerado um dos termômetros da economia. O empresário já viu a temperatura subir e descer nos últimos anos. Em 2015, no Jornal Nacional, ele lamentava a queda nas encomendas.
 
“Pior do que está não vai ficar. As coisas tendem a melhorar."
Mas pioraram. Em 2016, o setor teve a menor produção dos últimos anos. Daniel demitiu funcionários.
Hoje, as vagas já voltaram a ser ocupadas e mais 35 operários começam a trabalhar ainda em 2019. E a expectativa desse especialista é que essa retomada se consolide em todos os setores.
 
“Está havendo uma recuperação no nível de emprego, que já está refletida na chamada massa de salários de todo o país. E é por isso que, inclusive, alguns analistas estão explicando as razões para o aumento do consumo, para o consumo de energia residencial e, aí vem na esteira de todo esse processo, o uso de embalagens”, disse o economista José Pio Martins.
Na empresa de Sérgio Froguel, 12 vagas estão abertas.
 
“Temos um quadro todo desenhado para que 2020 tenha um aumento significativo no nosso número de negócios”.
 
Nilson Alves da Cruz é um dos que conseguiram emprego na esteira desse crescimento. Foi contratado em novembro, depois de dois anos vivendo de bicos.