2019/01/24

Governo: metas prioritárias para 100 primeiros dias da nova gestão

Por Guilherme Mazui e Roniara Castilhos, G1 e TV Globo — Brasília

O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, apresentou as metas consideradas prioritárias pelo governo Jair Bolsonaro nos primeiros 100 dias da nova gestão. Onyx apresentou as metas no Palácio do Planalto e estava acompanhado de outros ministros, secretários-executivos e técnicos do governo.
As metas foram discutidas por ministros com as equipes das pastas e com Bolsonaro nas reuniões ministeriais comandadas pelo presidente nas últimas semanas.

Conheça as metas


Saiba abaixo as metas apresentadas, por ministério:
Economia
  • Combate a fraudes no INSS: Revisar cerca de 6,4 milhões de benefícios administrados pelo INSS. A MP 871 foi publicada na semana passada;
  • Redução da máquina administrativa: Extinguir 21 mil funções comissionadas e gratificações;
  • Inserção econômica internacional: Promover ações de facilitação de comércio, convergência regulatória, negociar acordos comerciais e reformar a estrutura tarifária nacional. Reduzir custos de aquisição de insumos, bens de capital e bens de informática;
  • Sine aberto: Abrir cadastros de desempregados para empresas privadas do setor de recrutamento;
  • Concursos públicos e eficiência administrativa: Estabelecer novos critérios condicionando a análise de demanda de concursos públicos à adoção de medidas como a digitalização de serviços, revisão de processos, readequação de estrutura e competências, adesão ao processo centralizado de compras.

Educação
  • Alfabetização Acima de Tudo: Lançamento de um programa nacional de definição de soluções didáticas e pedagógicas para alfabetização, com a proposição de método para redução do analfabetismo a partir de evidências científicas.

Saúde
  • Cobertura vacinal: Aumentar a cobertura vacinal para as seguintes vacinas: pentavalente, poliomielite, pneumocócica, tríplice viral D1 e febre amarela.

Justiça e Segurança Pública
  • Posse de armas: O decreto que facilita a posse de armas foi assinado em 15 de janeiro pelo presidente Jair Bolsonaro;
  • Lei anticrime: Propor projeto de lei para aumentar a eficácia no combate ao crime organizado, ao crime violento e à corrupção. Projeto pretende reduzir pontos de estrangulamento do sistema de justiça criminal;
  • Operação Lava Jato: Imediata recomposição do efetivo policiais envolvido na operação, por meio de recrutamento para missões e remoções.

Relações Exteriores
  • Redução tarifária do Mercosul: Aperfeiçoar instrumentos favoráveis ao setor produtivo por meio de redução tarifária e dinamização da agenda externa. Mais exportações e barateamento dos insumos e de produtos e serviços para o cidadão;
  • Passaporte: Retirada do Brasil do padrão passaporte do Mercosul e retomar o brasão da República como identidade visual do documento: fortalecer a identidade nacional e o amor à pátria.

Controladoria-Geral da União (CGU)
  • Ocupação de cargos no governo: Impedir o loteamento político de cargos públicos, adotando critérios objetivos de nomeação, como experiência comprovada, qualificação técnica e idoneidade moral;
  • Programa Pela Ética e Cidadania: Elaborar e disseminar agenda de promoção da ética e da cidadania a ser adotada por escolas em sala de aula;
  • Comitê de combate à corrupção: Instituir comitê interministerial para condução da política de combate à corrupção na administração pública federal;
  • Sistema anticorrupção: Capacitar servidores das unidades de gestão da integridade e monitoramento dos órgãos e entidades do poder Executivo federal.

Agricultura
  • Estímulo à agricultura familiar, com ampliação para dois anos o prazo de validade das declarações de aptidão (DAP) do Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf).

Meio Ambiente
  • Sistema de Recuperação Ambiental: Aperfeiçoar o procedimento de conversão de multas do Ibama;
  • Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar: consolidar diagnósticos, reavaliar indicadores de qualidade ambiental, definir valores de referência e estabelecer diretrizes no âmbito de uma agenda nacional de qualidade ambiental urbana.

Infraestrutura
  • Privatizações: Ampliar investimentos na malha ferroviária e modernizar e ampliar a infraestrutura de 12 aeroportos. Leiloar 10 terminais portuários para ampliar capacidade de armazenar e movimentar graneis líquidos combustíveis.

Cidadania
  • 13º do Bolsa Família: Expandir a transferência de renda para as 14 milhões de famílias atendidas pelo Bolsa Família;
  • Bolsa Atleta: Modernizar o programa para o estímulo de jovens atletas.

Minas e Energia
  • Cessão Onerosa: Obter aprovação do Conselho Nacional de Política Energética para a revisão do contrato da cessão onerosa e dos parâmetros técnicos e econômicos da licitação de área do pré-sal, previstas para o terceiro trimestre de 2019.

Mulher, Família e Direitos Humanos
  • Campanha nacional de prevenção ao suicídio e à automutilação de crianças, jovens e adolescentes: Implementar ações de conscientização e disseminação de informações visando à prevenção da automutilação e do suicídio;
  • Lei Brasileira de Inclusão: Garantir promoção do exercício dos direitos e das liberdades fundamentais pelas pessoas com deficiência e sua inclusão;
  • Educação domiciliar: Regulamentar o direito à educação domiciliar, reconhecido pelo STF, por meio de medida provisória, beneficiando 31 mil famílias que se utilizam desse modo de aprendizagem.

Ciência e Tecnologia
  • Centro de Testes de Tecnologias de Dessalinização: Mapear tecnologias em sistemas de dessalinização de água nas condições de operação no semiárido;
  • Ciência na Escola: Promover a interação entre universidades e a rede de escolas públicas para o ensino de ciências.

Desenvolvimento Regional
  • Plano Nacional de Segurança Hídrica: Elaborar o plano para construção de barragens, sistemas adutores, canais e eixos de integração de natureza estratégica e relevância regional.

Turismo
  • Melhorar ambiente de negócios: Instituir a Política Nacional de Gestão Turística do Patrimônio Mundial. Publicar instrução normativa que possibilita a implantação da gestão turística de áreas da União com potencial para o desenvolvimento sustentável do turismo.

Secretaria de Governo
  • Reestruturação da Empresa Brasil de Comunicação: Racionalizar a estrutura da empresa e valorizar a qualidade do conteúdo.

Secretaria-Geral
  • Estruturas e processos ministeriais: Melhorar a gestão do uso de recursos públicos dentro do programa de modernização do Estado.

Advocacia Geral da União (AGU)
  • Atendimento eletrônico de devedores dos órgãos federais: Ampliar a arrecadação ao implementar instrumentos facilitadores de pagamento de débitos com a União.

Banco Central
  • Independência do Banco Central: Seguir modelo vigente em economias avançadas, garantindo a independência do Banco Central;
  • Critérios para dirigentes bancários: Aprimorar a governança de instituições financeiras públicas por meio da fixação de critérios para o exercício do cargo, alinhando com exigências existentes para o setor privado.

https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/01/23/governo-bolsonaro-apresenta-metas-prioritarias-para-os-primeiros-100-dias-da-nova-gestao.ghtml

C/ED.

2019/01/23

Prévia da inflação oficial fica em 0,30% em janeiro, a menor para o mês desde 1995, aponta IBGE

Alimentação em domicílio teve o maior impacto na taxa do mês, puxada pela alta nos preços de frutas e carnes. Transportes e vestuários tiveram deflação.

Por Daniel Silveira, G1 — Rio de Janeiro
 
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, ficou em 0,30% em janeiro, conforme divulgado nesta quarta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o instituto, esta foi a taxa mais baixa para um mês de janeiro desde a implantação do Plano Real, em 1994.
Já o acumulado nos últimos 12 meses ficou em 3,77%, abaixo dos 3,86% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. A inflação de 2018 fechou o ano em 3,75%.
 
Variação mensal do IPCA-15
Em %
Fonte: IBGE
Contribuíram para conter a inflação os preços de produtos e serviços dos grupos de transporte e vestuário, que tiveram deflação na passagem de dezembro para janeiro - respectivamente de 0,47% e 0,16%. Ambas contiveram a alta de 0,87% nos preços de alimentos e bebidas, grupo que registrou o maior avanço e foi responsável pelo maior impacto no indicador mensal.
Veja as variações dos grupos pesquisados:
  • Índice geral: 0,30%
  • Alimentação e bebidas: 0,87%
  • Habitação: 0,08%
  • Artigos de residência: 0,58%
  • Vestuário: -0,16%
  • Transportes: -0,47%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,68%
  • Despesas pessoais: 0,43%
  • Educação: 0,31%
  • Comunicação: 0,06%

Preços da alimentação em alta


Segundo o IBGE, o maior impacto na taxa do mês partiu do grupo alimentação e bebidas. A alta foi puxada pela alimentação no domicílio, que passou de 0,22% em dezembro para 1,07% em janeiro.
O que mais pesou, segundo o instituto, foram os preços das frutas e das carnes, que tiveram variação, respectivamente, de 6,52% e 1,72% na comparação com o mês anterior.
Em contrapartida, a alimentação fora do domicílio apresentou leve desaceleração, caindo de 0,58% em dezembro para 0,53% em janeiro. Os preços médios da refeição tiveram variação de 0,39%, contra 0,67% em dezembro.

Deflação nos transportes


O grupo dos transportes teve a maior queda entre os nove grupos pesquisados pelo IBGE. Ela foi puxada pela segunda variação negativa seguida nos preços da gasolina (-2,73%). O instituto destacou gasolina foi o item que teve o maior impacto individual, de -0,12 p.p, no indicador de janeiro.
O IBGE destacou ainda que, com exceção da região metropolitana de Salvador, que registrou alta de 2,38% na gasolina, todas as demais áreas pesquisadas tiveram variação negativa para este combustível, sendo a mais intensa em Fortaleza, de -5,99%, e a menos intensa em Goiânia, de -1,38%.
Também contribuíram para a deflação no grupo dos transportes as quedas de 1,17% no preço médio do etanol e de 3,43% do óleo diesel.
Outro impacto relevante foi a queda de 3,94% no preço médio das passagens aéreas - em dezembro, elas haviam registrado alta de 29,61%.

Índices regionais


Das 11 regiões pesquisadas pelo IBGE, apenas a de Curitiba registrou deflação em janeiro, puxada pelas quedas de 3,55% no preço da gasolina e de 1,9% na tarifa de energia elétrica. Já a região metropolitana de Salvador teve a maior alta, puxada justamente pelo aumento de 10,10% nos preços das frutas e de 4,60% no das carnes.
  • Salvador: 0,80%
  • Rio de Janeiro: 0,59%
  • Belo Horizonte: 0,48%
  • Belém: 0,39%
  • Porto Alegre: 0,27%
  • São Paulo: 0,21%
  • Recife: 0,13%
  • Goiânia: 0,08%
  • Brasília: 0,07%
  • Fortaleza: 0,04%
  • Curitiba: -0,08%

Meta de inflação e taxa de juros


A previsão dos analistas para a inflação em 2019 caiu de 4,02% para 4,01%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.
O percentual esperado pelo mercado continua abaixo da meta de inflação que o Banco Central precisa perseguir neste ano, que é de 4,25% e dentro do intervalo de tolerância previsto pelo sistema – a meta terá sido cumprida pelo BC se o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficar entre 2,75% e 5,75%.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic).
O mercado manteve em 7% ao ano a previsão para a taxa de juros, a Selic, no fim de 2019. Atualmente, o juro básico da economia está em 6,50% ao ano, na mínima histórica. Para o fim de 2020, a previsão continuou em 8% ao ano. Com isso, os analistas seguem prevendo alta dos juros no decorrer deste ano e, também, de 2020.

Metodologia


Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 13 de dezembro de 2018 a 15 de janeiro de 2019 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 13 de novembro a 12 de dezembro de 2018 (base). O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

2019/01/21

"Nem Átila", por J.R. Guzzo


Publicado na edição impressa de VEJA

É realmente uma canseira, mas não tem outro jeito. A cada vez que você vai escrever ou falar alguma coisa sobre a imprensa no Brasil, é preciso explicar direitinho, se possível com desenho e quadro-negro, que o autor não é ─ repetindo: não é, de jeito nenhum, nem pensem numa coisa dessas ─ contra a liberdade de imprensa. Não está pedindo a volta da censura, mesmo porque seria legalmente impossível. Não quer a formação de uma polícia para fazer o “controle social dos meios de comunicação”. Não está “a favor dos militares e contra os jornalistas”. Não acha, pelo amor de Deus, que é preciso fechar nenhum jornal, revista, rádio, televisão, folheto de grêmio estudantil ou seja o que for. Não lhe passa pela cabeça sugerir aos donos de veículos e aos jornalistas que publiquem isso ou deixem de publicar aquilo; escrevam em grego, se quiserem, e tenham toda a sorte do mundo para encontrar quem leia. Com tudo isso bem esclarecido, então, quem sabe se possa dizer que talvez haja um ou outro probleminha com a imprensa brasileira de hoje. Um deles é que a mídia está começando a revelar sintomas de Alzheimer ou de alguma outra forma de demência ainda mal diagnosticada pela psiquiatria.

É chato lembrar esse tipo de coisa, mas também não adianta fazer de conta que está tudo bem quando dizem para você dia e noite, 100 mil vezes em seguida, que o novo governo brasileiro provou ser o pior que a humanidade já teve desde Átila, o Huno. Não faz nexo. Até Átila precisaria de mais de duas semanas de governo para mostrar toda a sua ruindade ─ e olhem que ele foi acusado de comer carne humana e andava cercado de lobos, em vez de cachorros, sendo que nenhum dos seus lobos era bobo o suficiente para chegar perto do dono quando sentiam que o homem não estava de muito bom humor naquele dia. Além disso, errar em tudo é tão difícil quanto acertar em tudo. Talvez fosse mais racional, então, recuar para uma antiga regra da lógica: as ações devem ser julgadas pelos resultados concretos que obtêm, e não por aquilo que você acha delas. Um governo só pode ser avaliado depois de se constatar se as coisas melhoraram ou pioraram em consequência das decisões que colocou em prática. O número de homicídios, por exemplo ─ aumentou ou diminuiu depois de doze meses? A inflação está em 2% ou em 20%? O desemprego caiu ou subiu? E por aí vamos.

Mas essa lógica não existe no Brasil de hoje. Está tudo errado, 100% errado, porque é assim que decretam os estados de alma dos proprietários dos veículos e dos jornalistas que empregam ─ e não porque mediram algum resultado concreto. Ou seja: ainda não aconteceu, mas o governo já errou. A condenação começou no dia da posse de Bolsonaro e dali até hoje não parou mais. Os jornalistas, denunciou-se já nos primeiros minutos, não receberam instalações à altura da sua importância para a sociedade. Donald Trump não veio. O discurso de estreia foi ruim ─ embora não tivessem publicado uma sílaba de algum discurso presidencial anterior, para que se pudesse fazer uma comparação. Há generais em excesso no governo ─ e qual seria o número ideal de generais no governo? As médias das administrações de Sarney para cá? A média mundial? O que é pior: o general A, B ou C ou os ministros Geddel, Palocci ou Erenice? Há poucos nordestinos. O ministro do Ambiente acha que esgotos, por exemplo, ou coleta de lixo, são problemas ambientais sérios. Conclusão: ele vai abandonar a Amazônia para os destruidores de florestas.

Como o doente que repete sem parar a mesma coisa, não consegue descrever o que vê pela janela, e esquece tudo o que lhe foi demonstrado 1 minuto atrás, a imprensa travou. A prisão do terrorista Cesare Battisti foi uma “derrota” para Bolsonaro; imaginava-se que teria sido uma derrota para Battisti, mas a mídia quer que você ache o contrário. O acesso à armas de fogo para que um cidadão (só aquele que queira), tenha a chance de exercer o direito de legítima defesa antes de ser assassinado, vai desencadear uma onda de homicídios jamais vista na história. Como as armas de fogo são caras, denuncia–se que a medida é “pró-elites”. E se vierem a baixar de preço? Passarão a ser melhores? Quando alguém começa a escrever coisas assim, e faz isso o tempo todo, é porque parou de pensar; o cérebro não está mais ligando Zé com Zé. É um problema. Os leitores, cada vez mais, estão percebendo que a imprensa é inútil. Não só eles. No dia em que o governo descobrir que não precisa mais prestar atenção à mídia, vai ver que está perdendo uma montanha de tempo à toa.

2019/01/19

MP do pente-fino no INSS: economia estimada é de R$ 9,8 bi

do UOL
Antonio Temóteo e Luciana Amaral
Do UOL, em Brasilia
18/01/2019 18h06Atualizada em 18/01/2019 19h44

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinou, nesta sexta-feira (18), a medida provisória (MP) de combate a fraudes no INSS. Segundo o governo, fazem parte do alvo inicial cerca de 5,5 milhões de benefícios, e a previsão é economizar até R$ 9,8 bilhões só neste ano. A projeção anterior do governo era de economizar entre R$ 17 bilhões e R$ 20 bilhões até dezembro.

A cerimônia de assinatura da MP no Palácio do Planalto foi rápida, sem declarações do presidente. Quem falou foi o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. "Essa MP que acabou de ser assinada pelo presidente Bolsonaro trata de um esforço de que o governo fará em relação às fraudes. Chamamos internamente de medida antifraude", disse Onyx.

A MP cria um mutirão para fazer um pente-fino em benefícios suspeitos de fraude e estabelece regras mais rígidas para concessão de aposentadoria rural, auxílio-reclusão e pensão por morte. Onyx declarou que R$ 300 milhões serão gastos pelo governo para custear os trabalhos de perícia e identificação de fraudes.

A MP tem validade imediata, mas precisará ser aprovada pelo Congresso Nacional para se transformar definitivamente em lei. O Congresso tem um prazo de 60 dias, podendo ser prorrogado por mais 60, para votar o texto, aprovando-o ou decidindo pela sua rejeição.

Veja as principais mudanças anunciadas:

http://www.bol.uol.com.br/noticias/2019/01/18/bolsonaro-assina-mp-pente-fino-inss-combate-a-fraudes-aposentadoria-pensao.htm

2019/01/16

Governo reajusta em 3,43% benefício de aposentados que ganham mais que o mínimo; valor máximo vai a R$ 5.839

Reajuste tem como base a variação do INPC no ano anterior, anunciado na sexta-feira (11) pelo IBGE, e também tem reflexo na tabela de contribuição trabalhadores domésticos.


Por Darlan Alvarenga, G1
 
Portaria do Ministério da Economia publicada na edição desta quarta-feira (16) do "Diário Oficial da União" fixa em 3,43% o reajuste de aposentados e pensionistas que ganham mais que um salário mínimo.
 
Com a oficialização do reajuste, o teto para quem se aposentou pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) passa de R$ 5.645,80 para R$ 5.839,45.
Pela legislação federal, o índice de reajuste do benefício de aposentados e pensionistas que recebem valor superior ao do salário mínimo é definido pela variação do Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC) do ano anterior.
Em 2018, o INPC ficou em 3,43%, conforme divulgou na sexta-feira (11) o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Em 2017, o índice o reajuste ficaram em 2,07%.
Neste o ano, o reajuste concedido foi menor que o do salário mínimo, que em 2019 aumentou 4,61%, passando de R$ 954 para R$ 998 no dia 1º de janeiro. Em 2018 e 2017, o reajuste para os aposentados e pensionistas que recebem acima do salário mínimo foi superior, interrompendo uma sequência de 19 anos de percentuais inferiores.
 
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2019/01/14

Oportunidades e desafios do cooperativismo financeiro para 2019

O ano que chega traz consigo inúmeras expectativas para todos os cidadãos brasileiros. Um novo governo e um novo Congresso Nacional tomarão posse, com propostas de mudanças e rupturas. Mas o que o setor cooperativista pode esperar para si?
 
Convidamos dois especialistas do nosso mercado para contarem suas perspectivas para o futuro do Brasil e das cooperativas brasileiras. De um lado, Ênio Meinen, diretor de operações do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob) e autor de diversos artigos e livros sobre cooperativismo financeiro – área na qual milita há 34 anos. Do outro, Mauri Alex de Barros Pimentel, mestre em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas, com formação superior em Administração de Cooperativas. Palestrante do ramo crédito, sua experiência profissional inclui atuação executiva em organizações como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Sebrae), o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), a Unimed, a Petrobras e o Sicoob. Confira as previsões da dupla:
 
Diante do novo cenário político e econômico trazido pelas eleições de 2018, quais são as suas expectativas para as cooperativas em 2019?
 
Ênio Meinen: O cooperativismo deve manter a sua trajetória de ascensão, no campo e na cidade, em todos os setores de atuação. A geração de empregos, que têm crescido entre 5% e 10% nos últimos anos, e a ampliação do nível de renda continuarão tendo contribuição relevante das organizações cooperativas. Vale lembrar que o movimento, dada a sua alta resiliência, se fortalece em intervalos de crise e, com isso, emerge ainda mais forte por ocasião da retomada da dinâmica econômica.
 
Mauri Pimentel: O cooperativismo representa um importante instrumento de desenvolvimento e transformação empreendedora. Pesquisas mostram que regiões com a presença efetiva de cooperativas apresentam Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) melhor que as demais localidades. Em setores como o agronegócio, que representa mais de 20% do PIB do país, quase 50% de toda a produção do campo passa pelas cooperativas. Na saúde suplementar, o cooperativismo representa mais de 35% do market share do setor e, no Crédito, experimentamos um crescimento virtuoso, com um aumento do número de cooperados próximo de 200% nos últimos 10 anos e um saldo de mais de 92 bilhões em operações de crédito. Portanto, considerando a expressividade já apresentada, a velocidade de crescimento da participação de mercado das cooperativas nos seus diversos setores e as perspectivas de recuperação da confiança internacional e economia local, acredito que as cooperativas brasileiras terão grandes oportunidades nos próximos anos.
 
Mudanças de governo afetam as cooperativas de alguma maneira? Por quê?
MP: Embora as sociedades cooperativas sejam instituições autônomas e independentes de interferência estatal, mudanças de governo afetam o mercado como um todo e o cooperativismo não está apartado disso. Dependendo das políticas a serem implementadas pelo novo governo, poderemos experimentar impactos positivos ou negativos no cooperativismo brasileiro. Tudo vai depender de como vamos figurar na agenda estratégica do novo governo. Acredito que o Sistema OCB terá papel importante como referência representativa nesse sentido. O fato é que, nos últimos anos, fomos capazes de demonstrar à sociedade brasileira o poder transformador e desenvolvimentista do cooperativismo, com destaque para o segmento de crédito, que vem ocupando papel protagonista na promoção da cidadania financeira dos brasileiros. Espero que o novo governo seja sensível a isso.
 
EM: A preocupação quanto a essa possibilidade já foi maior. Hoje as virtudes e a essencialidade das cooperativas já são bastante conhecidas. Não há como deixar à margem um setor que representa cerca de 11% de tudo que se produz no país, que responde por meio milhão de postos de trabalho e que gera divisas líquidas anuais de US$ 5 bilhões. Além disso, e por isso, os governos estão vinculados à diretriz constitucional que determina apoio e estímulo ao cooperativismo (art. 174, § 2º, da Carta Magna). Em síntese, o fomento ao empreendedorismo cooperativo já não se situa mais no nível de programa de governo, mas de política de Estado.
 
E para a economia brasileira, quais são as perspectivas para os próximos anos?
EM: A expectativa é de que o novo governo inicie os seus dias dedicando-se intensamente ao processo de reformas estruturais que o país reivindica. Precisamos, sobretudo, sair da trajetória suicida de irresponsabilidade fiscal que, ao drenar riquezas excessivas para os cofres públicos e especuladores financeiros, impede investimentos e, com isso, adia o sonho de empreendedores, trabalhadores e aposentados quanto a dias melhores.
 
MP: Do ponto de vista econômico, o Brasil mostra claros sinais de recuperação, mas ainda muito tímidos perto do que a sociedade brasileira precisa e merece. O cenário político, entretanto, ainda me parece nebuloso, uma vez que o novo governo terá de construir suas alianças para garantir a governabilidade e aprovar as reformas para a estabilização econômica e redução do custo da máquina pública, que hoje é um dos maiores do mundo. O que se pode afirmar nesse momento é que o Brasil é um país de enorme potencial econômico, referência no continente latino americano, um dos principais países das chamadas Economias Emergentes (Brics) e tem pela frente um cenário aparentemente positivo no tocante à confiança do mercado internacional e oportunidades de crescimento interno. Dependendo da capacidade do novo governo de aprovar as reformas estruturantes e combater duramente a corrupção, poderemos experimentar dias bem melhores para os próximos anos.
 
Como as cooperativas podem ajudar o Brasil a retomar a rota do crescimento?
EM: As cooperativas podem ampliar o seu protagonismo como agentes de implementação de políticas oficiais, já que se tratam de empreendimentos próximos e conectados com grande parcela das pessoas e dos pequenos empreendedores destinatários do orçamento governamental. Sem reduzir a importância de outras contribuições, independentemente do ramo, o cooperativismo financeiro tende a ampliar a participação no seu mercado, acentuando os benefícios relacionados à inclusão e à educação financeiras, à intensificação e à melhor distribuição do crédito e à redução dos spreads e das tarifas bancárias. Com essa promoção da justiça financeira, teremos mais cidadania, menos custos para as empresas e mais poupança. Por decorrência, mais recursos para investir. Em síntese, estamos falando de um autêntico círculo virtuoso.
 
MP: As palavras-chave são “empreendedorismo” e “inclusão”. O caráter aglutinador do cooperativismo propicia que pessoas antes alijadas dos meios de produção — muitas vezes à margem da economia ou exploradas por atravessadores ou players preocupados tão somente com o retorno financeiro de seus acionistas — possam ser inseridas nos sistemas de produção e consumo, por meio de uma alternativa empreendedora que conjuga resultado econômico com justiça social. Na medida em que mais pessoas sejam devidamente incluídas na economia formal, teremos mais produção para alimentar os mercados interno e externo, mais geração de trabalho e emprego, melhor distribuição de renda, maior potencial consumidor no país e, consequentemente, mais recursos alimentando a economia. Desse modo, podemos encarar o cooperativismo como um importante propulsor do desenvolvimento, que devidamente estimulado, representa um ativo estratégico para o novo governo rumo à recuperação da economia nacional.
 
Quais são os principais desafios internos e externos que as cooperativas brasileiras enfrentarão nos próximos anos?
MP: A tendência de estabilização econômica com consequentes controle do câmbio, redução da inflação e taxas de juros mais baixas impõe às cooperativas a necessidade de investir em ações e políticas que favoreçam o aumento da eficiência, da eficácia e da efetividade na condução dos negócios. A meu ver, isso importará na implementação de boas práticas de governança (estrutura e poder), na disseminação da cultura do planejamento (estratégia e inovação) e no desenvolvimento sistemático da gestão (pessoas e processos).
Somente a partir de investimentos consistentes nesse tripé as cooperativas poderão se manter competitivas e serão capazes de enfrentar adequadamente as intempéries do mercado global em que vivemos.
 
EM: As inovações tecnológicas certamente continuarão tendo lugar de destaque na agenda de desafios do setor cooperativo, o que exigirá investimentos ainda mais expressivos e desapego em relação aos atuais modelos operacionais. Ganhos de escala e estruturas de apoio eficientes (fazer mais com menos) também serão fatores cruciais para a sustentabilidade do movimento, uma vez que a concorrência trilhará percurso semelhante. Aqui, a propósito, a intercooperação surge como grande oportunidade e necessidade. É chegada a hora, portanto, de encurtar a distância entre o que pregamos e o que estamos fazendo!
 
Ainda no campo de influência dos líderes e executivos das cooperativas, há que se aprimorar a governança, incluindo a elaboração e aplicação de políticas consistentes de sucessão, pois a geração de pioneiros terá de passar o bastão para novos dirigentes. Por fim, e sem excluir outros temas, o cooperativismo precisa qualificar a sua comunicação com a sociedade e os stakeholders. Hoje empregamos muito mais a linguagem de empresas convencionais – dando ênfase, por exemplo, a grandes números contábeis –, nivelando-nos temerariamente a elas, em vez de jogar luz sobre os diferenciais ligados ao desenvolvimento econômico e à inclusão social. Parece, até mesmo, que temos preconceito em relação ao que fazemos, justamente quando a população clama por um modelo de empresa que tenha o DNA cooperativo!
 
Em um cenário de fortes mudanças tecnológicas e alta competitividade, como as cooperativas podem equilibrar suas facetas econômica e social?
EM: Não há segredo. A tecnologia pode e deve ser utilizada para facilitar e qualificar a atuação da cooperativa.
 
MP: Na contramão do que muitos pensam, tecnologia e competitividade não são antagônicos ao empreendedorismo cooperativo. Ao contrário, devem estar a serviço dele assim como o estão em relação a outros empreendimentos de sucesso no mercado. O foco deve ser deslocado do “produto” para a “experiência do público alvo”. Não podemos perder de vista que o cooperado, razão de existência de todo o sistema cooperativo, assume o papel de dono, cliente e fornecedor, dependendo do momento em que está se relacionando com a cooperativa, e essa característica torna a gestão do empreendimento cooperativo significativamente mais complexa do que os demais modelos organizacionais. Portanto, mais uma vez é preciso reforçar a necessidade de profissionalizar a gestão das cooperativas com técnicos que, além dos conhecimentos em boas práticas de gestão e governança, sejam capazes de adaptá-los às nuances próprias do modelo empresarial cooperativo. O segredo do sucesso está, portanto, nas pessoas: naquelas que representam a propriedade (cooperados) e em igual importância nas que representam a gestão (executivos e colaboradores) e o amplo e profundo conhecimento destes sobre a essência do modelo empresarial cooperativo é questão de sobrevivência para essas organizações.
 
Fonte: Sistema OCB / Revista Saber Cooperar