2008/10/18

Segurança

Do Blog de Guilherme Chapiewski (sobre desenvolvimento de software e tecnologia)
[off-topic] Anonimato: escudo dos covardes

“Se tem uma coisa que me deixa revoltado é quando as pessoas vêm aqui no meu blog e me criticam e insultam anonimamente. Eu gosto de críticas, porque elas me fazem refletir e me ajudam a melhorar. As críticas são oportunidades genuínas para que você possa pensar no que está fazendo de errado, se ajustar e evoluir.
O que me deixa revoltado são os comentários anônimos extremamente maldosos e insultos que vocês nem imaginam, que obviamente eu não aprovo. Na boa, isso não pode ser sério. Se alguém não diz o seu nome quando critica, no mínimo não tem moral, não tem certeza, ou não tem peito para assumir o que está falando. A própria Constituição Brasileira garante o direito à liberdade de expressão, mas veda o anonimato.
No GUJ, por exemplo, já cansei de ver tópicos com críticas violentas, e o mais engraçado é que esses tópicos normalmente são criados por pessoas como “laranjada”, “Borat” ou qualquer outra coisa aleatória. O problema não são os apelidos, mas sim o fato das pessoas não se identificarem. Isso é covardia. E o pior é que algumas pessoas são tão inocentes que nem se preocupam em esconder seu endereço IP, e dá pra saber facilmente quem são. Outras são tão covardes que além de usarem um pseudônimo, usam um proxy para manter seu endereço anônimo…
Em toda minha vida virtual, sempre usei meu nome verdadeiro em listas de discussões, blogs, fóruns ou qualquer outra coisa que se possa imaginar. Faço isso por um motivo muito simples: eu quero que as pessoas me respeitem e me levem a sério quando falo.
Quando alguém tem caráter, personalidade e confia no que está dizendo, não precisa se esconder no anonimato.”
Tags: Etc., GUJ, Off-Topic, Sociedade
Guilherme Chapiewski


Segurança - Comportamento
Como lidar com o anonimato nos comentários
A Constituição Brasileira garante o direito à livre expressão, mas veda o anonimato. Blogs que não mediam comentários podem ter aborrecimentos.
Por Cristiana Soares

Você leva um soco nas costas, olha para trás e não vê ninguém. Foi desta forma que meu amigo Sidney Garambone definiu o anonimato na internet. Apesar de se sentir duramente atingido em seu blog, o Garamblog, ele dá um show de intenção democrática, recusando-se a mediar seus comentários, que já chegaram em torno de 600 em apenas um dia. Garamba me pergunta: “o que você acha do anonimato na internet?” Fiquei sem resposta.
Anonimato na internet pode ser compreendido em duas instâncias: identidade anônima, que já gerou muita polêmica, em 2006, quando veio à baila o projeto de lei que preconiza o registro de usuários nos provedores de acesso; e o comentário anônimo.
A Constituição do Brasil deixa patente: “é livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato.”
Porém, a internet não tem limites territoriais. Ela não é brasileira. Ela não é de ninguém. Como fica, então?
Patricia Peck, especialista em Direito Digital, em seu artigo Identidade digital obrigatória?, defende mudanças nas leis de acordo com os novos tempos.
Ela questiona: “Deve a internet permanecer anônima, que é o que vem desenhando sua natureza de liberdade até então? Ou o anonimato, como já se demonstrou em outros momentos de nossa evolução como civilização humana, é prejudicial e deve estar dosado e limitado, a exceções como denúncia, ou proteção de fonte de imprensa…?”
O professor Ethan Zuckerman, da Escola de Direito de Harvard, com o propósito de defender aqueles que queiram denunciar casos de corrupção e manter em sigilo sua identidade, publicou um guia, A Technical Guide to Anonymous Blogging, no site Techsoup.
Mudando o jogo
Hoje é possível rastrear uma conexão e chegar até o endereço de IP (Internet Protocol) do computador usado pelo anônimo. Mas impossível saber quem é o indivíduo, se o computador for compartilhado com outros usuários.
Por isso, cibercafés e lan houses são lugares visados. No Estado de São Paulo, desde o início do ano passado, entrou em vigor uma lei que obriga esses espaços a registrar e identificar seus clientes.
Para ludibriar os IPs e manter o anonimato na rede, um grupo de gurus da segurança criou o Torpark, que hoje atende pelo nome de Xerobank Browser. É um navegador que não deixa rastros de navegação. Ele é capaz de modificar o IP da máquina do usuário num vapt-vupt.
Descobrir uma identidade na internet pode não ser tão simples. E, segundo o blogueiro Carlos Cardoso, do Contraditorium, descobrir o autor de um comentário anônimo, nem se fala. Em um de seus posts, ele afirma: “tirando episódios de CSI e Lei e Ordem, na vida real é MUITO difícil traçar a origem de um comentário em um blog.”
Voltando ao meu amigo Garambone, sugeri a ele que, mesmo permitindo a participação de anônimos, criasse regras e as deixassem bem visíveis em seu blog, valendo-se do direito de mediar.
Acredito que isso não seja censura nem uma atitude antidemocrática, uma vez que as regras de participação estão explícitas. Esse procedimento já é corriqueiro em vários blogs e sites. Não sei se Garamba me ouviu…
Cardoso pontua em suas regras: “anonimato não é um direito, é um privilégio. Use-o bem ou perca-o.”, deixando claro que se o anônimo abusar não terá seu comentário publicado.
No blog da Trip, aparece, em destaque, na caixa de comentários: “A Trip reserva-se, desde já, o direito de excluir comentários e textos que julgar ofensivos, difamatórios, caluniosos, preconceituosos ou de alguma forma prejudiciais a terceiros. Textos de caráter promocional ou inseridos no sistema sem a devida identificação de seu autor (nome completo e endereço válido de e-mail) também poderão ser excluídos.”
E a editora complementa, comunicando que não é responsável pelas opiniões dos comentaristas, já que alguns blogueiros foram processados, anteriormente, por abrigarem em seu conteúdo opiniões de usuários consideradas abusivas.
O Blônicas, blog de crônicas, assim como o meu amigo Garambone, também libera geral. Já constatei lá a publicação de comentários anônimos constrangedores e até virulentos, com xingamentos e ofensas a granel. Democracia? Anarquia? Bundalelê? Casa da mãe Joana?
Sou completamente a favor da privacidade e da liberdade de expressão, mas estabelecer regras básicas, através da auto-regulamentação, não faz mal a ninguém. Ou faz? [Webinsider]

Nenhum comentário: