2008/10/02

Investimentos

Jornal do Brasil- 02/10/08
Empresário diz que país será referência para investimentos
Sabrina Lorenzi

A crise financeira pode ter derrubado as ações das empresas de Eike Batista, mas não abateu os ambiciosos planos do grupo. A LLX, braço de logística do grupo, terá no próximo mês aumento de capital para dar conta dos investimentos necessários ao porto do Açu. A companhia de petróleo OGX, que brilhou na estréia da bolsa, vai pular etapas de exploração e já conversa com fornecedores de plataformas para preparar a produção na bacia de Campos.
– Não estamos precisando de financiamento. Nosso grupo está megacapitalizado – afirmou Eike Batista, ao fazer um balanço sobre a situação de suas empresas.
As subsidiárias da EBX captaram US$ 7,2 bilhões de dezembro de 2007 a meados deste ano. A MPX, empresa de energia, acaba de adquirir licença para a construção de mais uma térmica. Na companhia de mineração, responsável pelas minas de minério de ferro em Corumbá, as coisas também vão bem, segundo ele.
– Na MMX estamos com recursos para a gente fazer o que quer – acrescentou Eike.
Mesmo com o rápido andamento dos projetos, as empresas de Batista não escaparam da crise americana. As ações da OGX despencaram de R$ 1.131 na estréia na Bovespa em junho para R$ 387 anteontem. Os papéis da MMX e LLX acompanharam as perdas da ordem de 65% da petroleira. Cada papel da mineradora custava R$ 8,9 na terça – um terço dos R$ 24,6 registrados em junho. A queda nas ações da MPX foi maior: um recuo de 75% em quase quatro meses. Valiam R$ 240 na terça-feira. Para Eike, o mundo perdeu o juízo na hora de precificar o valor dos papéis.
– O mundo perdeu a referência de valores. Não tem mais referência. As pessoas estão vendendo o que tem liquidez e o que pode ser vendido, sem critérios. Essa é que é a verdade. É um negócio tão doido, sobe, desce – desabafou o empresário.
Batista não tenta minimizar a crise, pelo contrário. E culpa a ganância dos agentes do setor financeiro pelas perdas monstruosas nas bolsas de todo o mundo.
– Estamos passando uma fase única no mundo, gravíssima, de excessos causados por ganâncias que resultaram em alavancagens nada saudáveis.
O nível elevado de alavancagem dos bancos americanos expôs, segundo ele, a necessidade de alguém assumir o ‘lixo tóxico’.
O Brasil, na opinião do empresário, será o primeiro país a se recuperar dos males do sistema financeiro. A robustez da economia, os recursos naturais em abundância e a boa saúde dos bancos devem livrar o país da crise e torná-lo, segundo ele, referência de investimentos.
– Acho que o Brasil terá a menor redução de todos os outros países e passará a ser uma ilha de destino de investimentos em várias áreas.
O executivo prevê retomada no preço das commodities no segundo trimestre do próximo ano.
– Com a dramática queda da inflação você vai ver os chineses pisarem no acelerador de novo. Se computar o segundo trimestre de 2009, acho que a China vai voltar a mostrar crescimento na faixa de 10% – avaliou Batista. – Os bancos brasileiros estão captando dinheiro de investidores estrangeiros porque estes descobriram que os bancos brasileiros estão altamente saudáveis. Depósitos maciços em bancos brasileiros, em todos os grandes. As empresas brasileiras estão protegidas pela geração de caixa.
– O importante dos grupos é você ter caixa suficiente para cumprir seus programas, sem depender da necessidade de ir para o mercado de capitais. Mas a criação de valor numa empresa listada em bolsa nunca é negócio de seis meses ou um ano. Quem investe em bolsa tem de ter um horizonte de no mínimo três a cinco anos.
Batista rebateu quem chamou seus ativos de ‘empresas de papel’:
– Olha aqui, muita gente chamou a MMX de empresa de papel, só que essa ‘empresa de papel’ foi vendida por US$ 7,2 bilhões (dois sistemas de produção para a Anglo American).

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