2008/10/11

100 anos de Cartola



foto: Mário Luiz Thompson

Angenor de Oliveira nasceu no Rio de Janeiro, em 11 de outubro de 1908. Ganhou seu apelido de Cartola quando, como pedreiro, resolveu usar um chapéu coco para que o cimento não grudasse em seus cabelos. Seus colegas não resistiram a gozação e lhe deram o apelido.
Cartola é a prova da natureza surpreendente do verdadeiro talento. Fez somente o primário e jamais conseguiu se integrar à estrutura de trabalho. Trabalhou sempre com bicos, como pedreiro, pintor de paredes, lavador de carros, vigia de prédios e contínuo de repartição pública. Mas seu dom fez dele o maior sambista carioca de todos os tempos, com letras impecáveis e batidas deliciosas.
Na década de 20, quando os blocos de carnaval resolveram se organizar em sociedades permanentes, Ismael Silva e o pessoal do Estácio criaram uma associação que se autodenominava Escola de Samba, a Deixa Falar. Cartola, então, juntou o pessoal da Mangueira, escolheu o nome Estação Primeira de Mangueira, adotou as cores verde e rosa e também criou sua escola. Nascia assim o maior fenômeno do carnaval carioca. Em seu primeiro desfile na Praça Onze, com o samba enredo de Cartola, Chega de Demanda, a Mangueira ganhava também o primeiro prêmio do carnaval.
Apesar do sucesso de seus sambas, Cartola morreu pobre, morando numa casa doada pela prefeitura do Rio de Janeiro, em 30 de novembro de 1980. http://www.mpbnet.com.br/musicos/cartola

Para o Blog Geral, um dos grandes mestres da MPB. Musicou poemas e poetizou músicas...

Um dos grandes clássicos:

O mundo é um moinho

Ainda é cedo, amor

mal começaste a conhecer a vida

já anuncias a hora de partida

sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida

embora eu saiba que estás resolvida

em cada esquina cai um pouco a tua vida

e em pouco tempo não serás mais o que és

preste atenção, o mundo é um moinho

vai triturar teus sonhos tão mesquinhos

vai reduzir as ilusões a pó...

Ouça-me bem, amor

Preste atenção, querida

de cada amor tu herdarás só o cinismo

quando notares estás à beira do abismo

abismo que cavaste com teus pés

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