SÃO PAULO (Reuters) - A 45 dias das eleições presidenciais, apenas um fato novo, fora de controle, poderá mudar o rumo da campanha. Sem esta virada, a tendência é que a candidata do PT, Dilma Rousseff, saia vitoriosa no primeiro turno, em 3 de outubro, como apontam pesquisas recentes de intenção de voto.
A avaliação é da diretora-executiva do Ibope, Marcia Cavallari.
No levantamento do instituto divulgado há três dias, Dilma tem 11 pontos percentuais de vantagem sobre seu principal adversário, José Serra (PSDB), e, computados apenas os votos válidos --excluídos brancos, nulos e indecisos--, ela venceria com 51 por cento, enquanto Serra contaria com 38 por cento neste cálculo.
"Se nada acontecer, e avaliando as tendências até o momento, as chances dela ganhar no primeiro turno são muito grandes", disse Marcia à Reuters.
"Não exime que na reta final da campanha aconteça algum fato que possa trazer um impacto grande nas campanhas", avalia. "A gente está entrando numa fase da campanha que é a fase onde nenhum dos candidatos pode ser pego de surpresa."
Na hipótese de a "surpresa" se resumir a uma acusação de Serra contra Dilma ou contra o petismo, é preciso que venha bem fundamentada, caso contrário dificilmente terá o efeito desejado.
Segundo a executiva do Ibope, o eleitor precisa ter certeza que a denúncia é verdadeira, fundamentada e com provas.
"Se ficar só no discurso, o eleitor já tem este filtro de falar que isso faz parte do jogo, de um ficar atacando o outro. A gente vê ao longo das campanhas que o eleitor não gosta."
Outros ingredientes podem afetar a intenção de voto do eleitor. O horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, as inserções na mídia, que tiveram início esta semana, e os debates terão impacto na campanha.
Com esses programas, o eleitor vai começar a comparar os candidatos de uma forma mais direta porque vai receber informações de todos ao mesmo tempo. Podem favorecer ou desmerecer os concorrentes.
Para procurar reverter o cenário, diz a executiva do Ibope, Serra poderia potencializar seu grau de experiência e sua trajetória política e reforçar que tem condições de exercer a continuidade das políticas públicas que são bem avaliadas pela população, mesmo sendo de oposição.
Serra já tem um terço dos votos daqueles que consideram o governo Lula como bom e 19 por cento daqueles que veem a gestão federal como ótima, segundo dados do Ibope. A aprovação ao governo Lula chega a 78 por cento.
Por Carmen Munari
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