2012/01/05

Quatro mil pessoas devem deixar casas após rompimento de dique em Campos

Defesa Civil interdita a Ponte Barcelos Martins, em Campos, em caráter preventivo
Foto: Alessa Oliveira / Folha da Manhã

Rio - O rompimento de um dique na Rodovia BR-356 em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, faz com que cerca de 4 mil pessoas sejam retiradas de suas casas nesta quinta-feira. De acordo com o secretário de Defesa Civil do município, Henrique Oliveira, uma cratera com cerca de 20 metros foi aberta na rodovia, que fica localizada entre o Rio Muriaé e o bairro Três Vendas, e serve como dique-estrada.

"A água entra no bairro com muita violência. Os moradores deixam suas casas e seguem para um morro", disse Oliveira. Cerca de mil famílias que vivem no local são retiradas às pressas de Três Vendas, localizado em uma depressão geográfica, abaixo do nível do rio. Não há registro de feridos. Soldados do Exército e homens do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil trabalham na retirada da população.

Assim que possível os desabrigados serão encaminhados para colégios estaduais e municipais da cidade. A Rodovia BR-356 liga os municípios de Campos e Itaperuna. Henrique Oliveira disse que, em 2008, foram realizadas obras emergenciais na estrada, mas ela voltou a romper na mesmo local nesta quinta-feira.

Campos dos Goytacazes já estava sofrendo com a cheia do Rio Paraíba do Sul, cujas águas estão a 11 metros, três metros acima do nível médio. Pelo menos 600 pessoas estão desabrigadas por conta da cheia do Paraíba do Sul, em diversos locais como a Ilha do Cunha e Matadouro.

O transbordamento do Rio Paraíba do Sul, também em Campos dos Goytacazes, causou a interdição da Ponte Barcelos Matins. De acordo com a Defesa Civil Estadual, o transbordamento começou nesta quarta-feira devido às grandes chuvas que assolam o estado de Minas Gerais. A Defesa Civil disse ainda que a interdição foi feita em caráter preventivo, já que não se sabe se houve ou não abalo. A via seria apenas de passagem de pedestres.

Situação caótica no Noroeste Fluminense

Bairros alagados, comércio fechado, hospitais esvaziados e mais de 24.500 pessoas fora de suas casas, invadidas pelas águas. Esse é o cenário no Noroeste do estado, afetado pelas chuvas: sete municípios — Laje do Muriaé, Santo Antônio de Pádua, Itaperuna, Italva, Cardoso Moreira, Aperibé e Miracema — decretaram estado de emergência. Em Italva, metade dos 16 mil moradores está sem água potável, segundo o prefeito Joelson Soares.

A Defesa Civil organiza a distribuição de comida e água para áreas mais afetadas. A Secretaria Estadual de Saúde montará, em Itaperuna, uma base de apoio e distribuição de ‘kits de calamidade’, com medicamentos e insumos hospitalares. A Cruz Vermelha já aceita doações.

Nesta quinta-feira, o tempo fica instável e pode chover forte a qualquer momento no Noroeste e na Serra fluminenses. Nesta quarta, o Crea-RJ vistoriou três bairros de Friburgo, na Serra, e constatou que obras de prevenção a desastres como o de 2011 não foram feitas. “A enchente de janeiro foi a primeira e última. Não tenho mais nada e até hoje vivo de doações”, conta Cleia da Conceição, 77.

Em Campos, o Rio Paraíba do Sul passou de 6 a 11,4 metros e na noite desta quarta-feira começou a transbordar. Diversos bairros estão alagados e uma ponte no Centro foi interditada. Em algumas áreas, a água chega a dois metros.

Em Pádua, mais de um quarto dos moradores foi obrigado a sair de suas casas inundadas pelas águas do Rio Pomba, que transbordou. Segundo o vice-prefeito Ralph Kezen, 13 mil tiveram que deixar seus lares. Duas casas de saúde foram esvaziadas e 30 pacientes, transferidos para outros municípios. “Moradores de 13 bairros e dois distritos estão ilhados”, conta Kezen. Em Aperibé, 3 mil dos 10.215 habitantes estão desalojados e 70% da cidade está alagada.

Crea vê ‘caos’ em Friburgo

Engenheiros do Crea que vistoriaram nesta quarta-feira os três bairros de Nova Friburgo mais atingidos pela enchente do ano passado afirmaram que nenhuma das obras recomendadas pelo conselho foi implantada. Técnicos identificaram erro em construção de ponte de concreto sobre rio e classificaram a situação do município como “caótica”.

O Dia
c/ed.

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