2009/04/22

O "fim" do MST

Já considerei o movimento nacional dos trabalhadores sem terra (MST) uma organização coerente com seus propósitos, mantendo em suas fileiras gente efetivamente interessada em viver da terra, aumentando a produtividade do país e evitando o inchaço das grandes cidades, o que sempre gerou a favelização. Tal movimento contaria com o apoio do governo, especialmente a partir da eleição do presidente Lula, via Incra, e gradativamente, a longo prazo, seriam diminuídas as diferenças sociais no Brasil.
Mas tal visão se mostrou simplista, ou melhor, otimista demais – não foram considerados de imediato determinados aspectos, que ganharam corpo, como a crescente idéia de se politizar a todo custo o movimento, inclusive angariando pessoas que nunca estiveram ligadas ao manejo da terra, pelos setores mais radicais da esquerda; as complexidades geográficas e a própria extensão territorial do País, o que pode ser paradoxal, mas traz à tona dificuldades operacionais; diversidade de interesses; o aumento da violência e vandalismo nas ações do movimento, que passou a ser armado e a desafiar a Justiça; a reação dos produtores a tais invasões; a necessidade do próprio governo em dar uma resposta à população e organizar assentamentos que acabaram sem orientação e apoio (procurem saber das condições de assentamentos já apresentados como modelo pelo Incra, como o “Fazendas reunidas”, em Promissão -SP- , “Fruta d’Anta”, em João Pinheiro -MG- , “Iturama”, em Limeira do Oeste -SP- e “Palmeirinha”, em Unaí -MG- ), enfim... uma série de erros e incompetência.
O concreto do pensamento do MST se desfez no ar ao longo dos anos, ou melhor, na poeira das estradas. Hoje é um arremedo do que seria um grupo com consciência política e vontade para transformar uma anomalia da sociedade brasileira e caminha para se transformar nas Farc nacionais.
Ao mesmo tempo, a proposta de reforma agrária, além de tímida, tem equívocos já amplamente divulgados pelos especialistas no assunto.
É preciso um novo começo, urgente, de ambas as partes, para que a questão da terra no Brasil tenha um direcionamento rumo a um futuro promissor. É preciso reavaliar projetos, ceder em termos de ações desastradas, enfim, é preciso o diálogo. Simples assim mesmo, mas que possa semear resultados positivos. Só espero não estar sendo tão otimista novamente.

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