2014/09/28

Firjan sugere rota para crescimento do estado do Rio de Janeiro

Documento com propostas para todas as regiões será entregue a candidatos ao governo

RIO — Na Baixada, distritos industriais em que faltam serviços básicos, de internet a água, ao mesmo tempo às margens de algumas das principais rodovias do país, perto do mercado consumidor e de terminais para escoamento da produção. Uma contradição, decerto, mas um retrato de um Rio de potencialidades e desafios superlativos, no qual empreendimentos bilionários e novos núcleos de desenvolvimento coexistem com graves problemas urbanos e gargalos de infraestrutura. É esse o estado que se apresenta no documento “Visões de Futuro”, do Sistema Firjan, que será entregue a partir de amanhã aos candidatos ao Palácio Guanabara, apontando oportunidades e obstáculos a serem superados nos próximos 5 a 15 anos em cada região fluminense.

VOCAÇÕES E NOVAS DINÂMICAS

O estudo identifica uma rota do crescimento do estado, num panorama de interiorização dos investimentos. Para a Firjan, são cinco regiões centralizadoras das mudanças (a capital, a Baixada, o Sul, o Leste e o Norte Fluminense), além de três ramificações delas (Serrana/Centro-Sul, Noroeste e Centro-Norte). Em todas, indica vocações e novas dinâmicas que emergem. No entanto, afirma ser “necessário, desde já, trabalhar para aproveitar” os ventos favoráveis, no sentido de melhorar a infraestrutura viária, logística e de fornecimento de energia elétrica, assim como planejar a ocupação populacional, definir áreas para instalação de indústrias e criar planos diretores integrados, entre outras medidas.

— Hoje, o Rio é privilegiado em termos de Brasil. E, apesar da instabilidade do país, os projetos para o estado já estão na mesa, independem do cenário nacional — afirma o presidente da Firjan, Eduardo Eugenio.

A rota traçada no documento começa no Sul Fluminense, que engloba cidades como Volta Redonda e Angra dos Reis (a divisão não coincide com a oficial do estado). Para a Firjan, o motor do desenvolvimento local será seu centro automotivo, sobretudo Resende, Porto Real e Itatiaia. Nos próximos anos, a região deve se consolidar como um dos polos do setor no país, reforçando a importância das indústrias siderúrgica, metalúrgica e metalmecânica. Tudo que gerará empregos e melhorará a renda da população. Mas que afetará áreas como habitação, educação, transporte, saneamento. E tornará ainda mais cruciais obras como a duplicação da descida da Serra das Araras, na Rodovia Presidente Dutra.

— É preciso garantir a disponibilidade dos serviços públicos, em especial a oferta de água, energia e banda larga. Além disso, as conexões com as principais rodovias são deficientes, e faltam vias adequadas de acesso, especialmente à Dutra e à BR-393 (a Rio-Bahia) — afirma o presidente da representação da Firjan na região, Edvaldo de Carvalho.

Na Baixada, o Arco Metropolitano é apontado como impulsor do crescimento. Quando estiver completo (faltam as obras sob responsabilidade federal, na BR-493), ligará o Porto de Itaguaí ao Complexo Petroquímico do Rio (Comperj), em Itaboraí. Mas desde já contribui para previsões de que os municípios próximos sejam o principal destino de empresas na Região Metropolitana. O crescimento populacional, no entanto, deve acompanhar esse movimento. Estender o ramal de Santa Cruz dos trens a Itaguaí, tirar do papel a extensão da Via Light, construir a TransBaixada (de Nova Iguaçu à Washington Luiz) e terminar as pistas marginais da Dutra seriam algumas das intervenções essenciais. Tão fundamentais quanto o ordenamento da ocupação das muitas áreas virgens no entorno do Arco, combatendo a favelização.

— É urgente também expandir as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na Baixada. Sem segurança, não há desenvolvimento econômico — diz Carlos Erane de Aguiar, presidente de uma das regionais da Firjan na Baixada.

No município do Rio, o estudo diz que o grande desafio será a mobilidade urbana. A cidade que receberá as Olimpíadas de 2016 deve atrair empresas e reforçar sua vocação turística, ampliando seu caráter de centro de lazer e de negócios com projeção internacional. Do outro lado da Guanabara, no Leste Fluminense, o Comperj será a mola mestra, ainda que o projeto inicial tenha sido alterado. Para preparar as cidades, porém, a Firjan diz ser necessário investir na capacitação da mão de obra e adequar a infraestrutura local, insuficiente. E sugere ainda a expansão do Arco Metropolitano até Maricá, pela RJ-114, além de recuperar o ramal ferroviário entre Niterói e Itaboraí e construir o prometido metrô da região.
 
FUTURO NO PORTO DE AÇU

Seguindo a rota, chega-se ao Norte Fluminense, de Campos e Macaé, que ajudam a tornar o Rio maior produtor de petróleo e gás do país. As maiores transformações, segundo o “Visões de Futuro”, devem ser motivadas pela instalação do Porto do Açu e de seu distrito industrial, em São João da Barra. Junto com outros investimentos, como o Complexo Logístico e Industrial de Farol-Barra do Furado, diz a Firjan, o porto deve transformar o Norte num dos “maiores polos industriais e logísticos do país”.

Para aproveitar as oportunidades é preciso terminar a duplicação da BR-101 Norte, aumentar a capacidade da BR-356 (São João-Belo Horizonte) e construir a ferrovia São João da Barra-Uruaçu, em Goiás, ligando a região às áreas produtoras de minério em Minas Gerais e do agronegócio no Centro-Oeste, com efeitos também no Noroeste Fluminense.

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http://oglobo.globo.com/brasil/firjan-sugere-rota-para-crescimento-do-estado-do-rio-de-janeiro-14071516

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