2011/01/19

Número de mortos pelas chuvas na região serrana do Rio de Janeiro chega a 710

Oito dias após a tragédia causada pelas fortes chuvas na região serrana do Rio de Janeiro, o número de mortos chega a 710, segundo informações das prefeituras dos municípios mais afetados.

Em Nova Friburgo, onde as condições de abastecimento de água ainda são mais precárias em relação às demais cidades atingidas, se concentra o maior número de mortos: 336, segundo o primeiro levantamento desta quarta-feira (19). Teresópolis, onde apenas a parte central do município foi mais poupada da força das águas e de deslizamentos, conta 285 mortes. O distrito de Itaipava, em Petrópolis, registra 62 mortos; Sumidouro tem 22, São José do Vale do Rio Preto, 4, e Bom Jardim, uma morte.

Em Areal, outro município atingido pelas fortes chuvas, não há registro de vítimas fatais nem desaparecidos. Segundo a prefeitura, 2.500 pessoas foram afetadas pelas enchentes, sendo que o número de desabrigadas e desalojados é de 1.400. O secretário de habitação do Estado, Leonardo Picciani, anunicou nesta terça-feira a construção de 63 casas em Areal e a desapropriaação de mais três áreas para abrigar a população afetada. Apesar de não registrar mortos, a cidade é uma das que mais precisa de doações.

Ainda segundo a Defesa Civil do Rio, as fortes chuvas afetam um total de 94.926 pessoas no Estado. Destas, 21.500 estão desabrigadas (perderam suas casas) e desalojadas (em casas de parentes), e ainda há 207 pessoas desaparecidas.

As chuvas que atingiram a região serrana do Rio na última semana estão entre as mais intensas já registradas na localidade e as de maior índice pluviométrico da história de Nova Friburgo, a cidade mais afetada. Em Petrópolis e Teresópolis, no entanto, o índice ficou abaixo dos recordes anteriores, segundo a chefe da Seção de Previsão do Tempo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) no Rio de Janeiro, Marlene Leal.

De acordo com a meteorologista, em razão da intensidade pluviométrica das chuvas e da abrangência das áreas onde elas ocorreram a “catástrofe era inevitável”.

Comerciantes calculam prejuízos

Desde ontem, moradores e voluntários dos municípios mais afetados pelas chuvas deram início à reconstrução das cidades e à distribuição de alimentos, roupas e kits com remédios para a população desabrigada.

Em Nova Friburgo, responsável por 25% da produção nacional de lingerie, os comerciantes já começam a calcular também os prejuízos causados pelas chuvas. A maioria das fábricas foi afetada pela inundação e as intactas estão sem trabalhadores, contabilizados entre mortos, feridos, desaparecidos, desabrigados e ilhados. Estão também sem fornecedores e sem clientes após a tragédia.

Nesta quarta-feira (19), representantes de diferentes entidades friburguenses vão se reunir para pedir linhas de crédito no valor de R$ 500 milhões para reerguer a economia da cidade.

Ontem, já foram restabelecidos serviços como o abastecimento de água em Teresópolis e os postos de atendimento do Detran, que voltaram a funcionar em toda a região serrana.

Saiba como fazer doações

As cidades afetadas recebem doações de diversas partes do país (veja aqui como ajudar). Entre os itens mais pedidos pela prefeitura de Petrópolis, Nova Friburgo e pela Defesa Civil de Teresópolis estão velas e produtos de higiene pessoal (pasta de dente, escova de dente, xampu, sabonete, absorvente e fraldas descartáveis).

As prioridades de Petrópolis são mantimentos, material de limpeza, objetos de higiene pessoal, lençóis e roupa de cama. A cidade recebeu gratuitamente mais de 1,5 milhão de litros de água no sábado (15) e afirma que o abastecimento está praticamente normalizado. Nova Friburgo pede, principalmente, água e vela. Também são necessárias roupas íntimas, talheres, pão de forma, produtos de higiene pessoal e fósforo. Sumidouro pede água, pó de café, feijão, enlatados, leite em pó, açúcar, material de higiene, fósforos, velas, isqueiros, cobertores, colchões, roupas de cama, mesa e banho, roupas de adultos e crianças, calçados.

Em Teresópolis, os itens de mais necessidade são produtos de higiene pessoal (incluindo fralda descartável e geriátrica), vela, fósforo e roupas íntimas. A cidade reforça o pedido de galochas e capas de chuva, que serão usados por profissionais e voluntários em campo.

Uol
Com informações de Fabiana Uchinaka, Rodrigo Bertolotto e Daniel Milazzo, enviados especiais do UOL Notícias em Nova Friburgo e Teresópolis (RJ), e Janaina Garcia e Rosanne D'Agostino, do UOL Notícias em São Paulo

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