2008/11/27

Santa Catarina

Minha irmã mora em Blumenau. Não toquei antes no assunto porque gostaria de ter uma dimensão mais real da tragédia que chocou o estado de Santa Catarina antes de tentar passar algo aos leitores. Mas confesso que tal dimensão é muito tocante.
Quem conhece a região do Vale do Itajaí sabe das suas belezas naturais e como Blumenau era bonita, limpa, conservada. Sinto dizer que era, na medida em que a situação de catástrofe derrubou não apenas casas e estabelecimentos comerciais, mas devastou bairros inteiros, com o desabamento de encostas e queda de morros, arrasando quarteirões, ruas, avenidas.
Consegui esta semana falar duas vezes com ela via celular. Por dias, minha irmã e seu marido foram voluntários da Defesa Civil em uma igreja que está servindo de centro de atendimento e abrigo antes de voltarem para casa, que, graças a Deus, não foi atingida por se encontrar em uma parte mais alta da cidade. Ela falou das dezenas de mortos, dos milhares de desabrigados e desalojados, da falta de água, alimentos e energia elétrica, da sujeira em todas as partes, do perigo de disseminação de doenças, de famílias ainda em áreas isoladas, do desespero de sobreviventes que não sabiam o destino de parentes (muitos mortos), e agora dos saques.
O instinto que aflora, na região, é o de sobrevivência. Muitas pessoas perderam não apenas parentes, seu comércio ou suas casas, mas, por exemplo, os próprios terrenos onde elas haviam sido construídas, sepultado pela enxurrada de lama e detritos.
Segundo minha irmã, homens da Defesa Civil disseram que os morros estão “como pudins”, encharcados, e há riscos de novos desabamentos caso a chuva persista. Moradores mais antigos afirmam que nunca viram nada semelhante na cidade, e que o mapa de Blumenau deverá ser refeito.
Vamos acompanhando com atenção, especialmente a ajuda que começa a chegar ao estado, que não pode e não deve ser pequena. Ao que parece, pelo menos nessas horas a alma do brasileiro de fato não é pequena...

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