2016/06/09

Mandados de prisão são cumpridos no caso 'Meninas de Guarus'

Onze de 14 condenados haviam sido presos até as 8h desta quinta (9).
Ex-vereador da cidade e ex-deputado Nelson Nahim está entre presos. Também preso o empresário Renato Duarte. 

Estão sendo cumpridos na manhã desta quinta-feira (9) 14 mandados de prisão no caso “Meninas de Guarus”, em que crianças e adolescentes foram exploradas sexualmente em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. O caso é investigado desde 2009. As ações começaram por volta das 6h e, segundo o Ministério Público, 12 mandados foram cumpridos, entre eles o do ex-vereador e ex-deputado Nelson Nahim Matheus de Oliveira, irmão do ex-governador do Rio Anthony Garotinho, que recebeu pena de 12 anos de prisão.

O ex-vereador Marcus Alexandre dos Santos Ferreira, o ex-presidiário Leilson Rocha da Silva, mais conhecido como "Alex", o policial militar Ronaldo de Souza Santos e o empresário Renato Pinheiro Duarte também estão entre os presos. Segundo o MP, dois condenados estão foragidos:Gustavo Peçanha e Dovany Salvador.

De acordo com a denúncia, os réus mantinham e exploravam crianças e adolescentes, entre 8 e 17 anos de idade, em uma casa situada em Guarus, distrito de Campos, para fins de prostituição e exploração sexual. O lugar era mantido com as portas e janelas trancadas, com correntes e cadeados, sempre sob vigília armada. As vítimas eram obrigadas a consumir drogas, como cocaína, haxixe, crack, ecstasy e maconha, sem que pudessem oferecer resistência.


Os acusados foram condenados pelos crimes de quadrilha armada, estupro de vulnerável, exploração sexual de crianças e adolescentes, entre outros. A maior pena aplicada foi de 31 anos para os condenados Leilson Rocha e Ronaldo Santos, sendo aplicada pena de 12 anos ao condenado Nelson Nahim.

Os mandados são cumpridos pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

30 programas por dia, segundo o MP

 Em agosto de 2015, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio de nota, informou que as vítimas, que seriam crianças e adolescentes entre 8 e 17 anos chegavam a fazer 30 programas por dia e eram obrigadas a consumir drogas. Vinte pessoas foram julgadas pelo envolvimento no caso.

De acordo com a denúncia do MP, o lugar era mantido com as portas e janelas trancadas, com correntes e cadeados, sempre sob vigília armada. Após negociação, as vítimas eram levadas de carro até os "clientes", para realizar programas sexuais em diversos motéis e alguns hotéis da cidade.

Ainda segundo o Ministério Público, crianças e adolescentes eram submetidas a sexo oral, vaginal e anal e, ainda, às demais vontades, caprichos e fantasias dos "contratantes". Em alguns casos, com o nariz sangrando por conta do consumo de cocaína. Pelos programas realizados, recebiam comida e drogas e, em alguns casos, uma parte do valor pago pelo "cliente". O bando também firmou convênios com proprietários de hotéis e motéis locais, onde parte dos encontros era realizada.

Envolvimento de Nelson Nahim 

 Nelson Nahim, ex-deputado federal e ex-vereador da cidade, chegou a ser preso  com outros cinco suspeitos do caso em outubro de 2014. Em novembro do mesmo ano, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) concedeu ao político um habeas corpus e ele passou a responder ao processo em liberdade. A prisão de Nahim foi por possibilidade de constrangimento de vítimas e testemunhas do caso durante a investigação policial.

Durante a Audiência de Instrução e Julgamento em agosto de 2015, o ex-vereador Nelson Nahim, alegou inocência e disse haver um "sósia" dele na cidade. Nahim é irmão do ex-governador do estado do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, que por sua vez, é marido da prefeita de Campos dos Goytacazes, Rosinha Garotinho. Ele assumiu como suplente o mandato de Deputado Federal em 15 de dezembro de 2015 e deixou o cargo no dia seguinte.

Mais em:
http://g1.globo.com/rj/norte-fluminense/noticia/2016/06/mandados-de-prisao-sao-cumpridos-no-caso-meninas-de-guarus.html

c/ed.

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