PLENO
Falei dos jornais lidos
empilhados, tal história
corroída sem memória,
sem vergonha ou valentia,
embora escancarada.
Falei da pele sobre a pele
qual cor tom sobre tom,
qual falo apontado
no sexo em novelos
sem fios emaranhados.
Falei do riso fácil aos borbotões,
das rixas e rugas
que falharam como lava,
das mãos e seus reflexos,
do corpo e cérebro, por fim.
Não sei se fui ouvido,
e a sensação é que me olhavam
como se gritado houvesse,
como criança arteira
que quebra o prato de doces.
Falei das flores
que desmanchavam das mesas
enquanto o perfume
se entranhava em nós
quadro a quadro.
Falei das horas que transbordavam
do relógio antigo, de pé.
Falei do tempo em que a vida
abraçava cada segundo.
Não sei se fui ouvido,
mas hoje a sensação
é
pura
plenitude.
2013/04/21
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