Os abusos foram relatados em forma de cartazes que transcreviam o que, segundo as alunas, eram ditos por professores e orientadores. “Sempre quis uma amante jovem, bonita e inteligente. Fiz muitos planos para você”, teria dito um orientador para sua orientada. Em outro relato, o professor teria se dirigido a todos da turma: “Vocês são uns merdas”.
Os cartazes foram colados de forma anônima porque essas mulheres estão com medo de represália. Para a presidente do Conselho dos Direitos da Mulher, Vanessa Henriques, os casos já são conhecidos há algum tempo dentro da instituição e não são relatados.
— As mulheres da Uenf estão se unindo para que sejam ouvidas e para que órgãos específicos sejam criados até mesmo para que elas tenham apoio na hora das denúncias. Acho que o debate tem que ser feito amplamente e os cartazes abriram uma brecha para isso, porque se existe o assédio, ele tem que acabar. Mas elas precisam da garantia de que não serão perseguidas ou coagidas — informou Vanessa.
A vice-reitora da Uenf, Tereza de Jesus Peixoto Faria, informou que espera uma denúncia oficial para abrir sindicância. “Não temos denúncias formais, mas estamos procurando saber o que realmente está acontecendo. Às mulheres, neste caso específico, estamos procurando saber o que está acontecendo até mesmo para dar acolhimento a elas. A princípio nós precisamos que se faça a denúncia oficial, com um processo solicitando a abertura de uma sindicância. Elas têm queixas concretas tanto que a forma delas se manifestarem foi através desses cartazes. Isso não é uma situação específica da nossa universidade, mas não podemos permitir que continue”, informou a vice-reitora.
A equipe de reportagem da Folha também tentou contato com a Associação Docentes da Uenf, mas os telefonemas feitos à presidente Luciane Silva não foram atendidos.
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