2008/05/15

Poema II

DIFERENÇA

É nau do homem
muitas vezes, quase sempre,
a semente da discórdia,
embrião deselegante
desengonçado
gerado em rasa terra
sobre pratos de barro,
largados num canto
qualquer de cada casa,
cada caso.
Brota em toda força
um vigor descomunal,
vivo vegetal
que também luta
sem saber contudo
qual o pó de tua origem,
objeto, objetivo,
o teu núcleo da vertigem.
E se nasce
é meio e fim,
adaga sacada, brandida,
trespassada,
que rega em sangue e plasma
cada veio da história
mal contada,
viés de guerreiros
combatentes,
muitas vezes, mas nem sempre,
inocentes.
E se cresce não se foge à própria vida
tantas vezes já descrita
que te manda
só cumprir o já cumprido
outras tantas –
viger, crescer
e recrescer,
então morrer,
e ter cumprido a missão
de ter sido sem saber
um por que qualquer
não explicado.

Luciano Aquino Azevedo

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