SER
Insisto.
Sou cadáver de Venzone.
Sou
o que fica da flor despetalada
nas
mãos de quem as jogou ao vento.
Feito
musgo que das costas
faz
o escorrer das águas nas pedras, mas delas
não
se desgruda depois da chuva ou riacho.
Como
as cascas largadas que em húmus
se
renascem,
como
o látex chorado
que
teima em vida se firmar, servir.
Papel
que se recicla
em
cata-vento, colhendo
as
ventanias de sorrisos
até
o destino de um canto tranquilo.
Pele
que regenera e renasce,
em
nova chance de vigor e crédito,
couro
extraído e marcado,
no
entanto trabalhado e exposto.
Insisto.
Sim.
Feito
nuvem prazerosa apenas
com
a sombra efêmera até o dispersar,
feito
leite que bem azeda
e
é servido,
rio
que sabe de seu mar,
porém
não cansa de tocar
as
margens.
Sou
o eco rebatido, mesmo vazio
em
conteúdo,
a
lava quente que esfria
mas
não morre, solidifica.
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