INSISTÊNCIA
Um dia acordei
na ânsia irrequieta
de uma resposta
inexplicável.
Uma vontade extrema,
uma conjugação de verbos
sem nexo,
numa aposta de início
sem porque.
Perguntei a tudo e a todos,
questionei a não mais poder,
e só ecoaram nos ouvidos,
que não moucos,
o tudo do pouco que é
nada certeiro.
Andei sem descanso
esquecendo amor e água,
mas qual nada – soçobraram
gritos roucos, vozes poucas –
ungüento ralo desprovido de
sabor e serventia.
O rei virou-me a cara,
o bispo se acobertou,
barnabé cobrou-me taxas,
o político me ignorou,
operário gritou à toa,
o soldado se acovardou,
o doutor me deu as costas, e
o camponês desconversou.
Acordei na ânsia
da resposta buscada.
À noite dormi o sono
ruminado
já conhecido.
2011/02/27
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