Com sua petroleira perto de ficar sem dinheiro para manter as
atividades, Eike Batista iniciou a negociação da reestruturação da
dívida da OGX com os detentores dos papéis no exterior.
A ideia é convencê-los a converter os US$ 3,6 bilhões de dívida em
participação acionária da OGX, diluindo a a fatia do empresário, que se
tornaria minoritário.
Segundo a Folha apurou, os fundos Pimco e BlackRock, dois dos
maiores credores, já acenaram com a possibilidade de aceitar se tornarem
sócios de Eike. Mas ainda há uma longa batalha até chegar ao valor da
conversão.
Os títulos da dívida da OGX são negociados hoje entre 15% e 25% do seu
valor de face, o que já representa um forte desconto para os credores. A
negociação é complicada e pode durar mais dois meses.
Chegar a um consenso com os credores tornou-se urgente desde que a
Petronas, que se comprometeu a adquirir 40% do campo de Tubarão Martelo
(na bacia de Campos), condicionou o pagamento à reestruturação da
dívida.
A notícia foi uma surpresa para a OGX. Ela dependia do dinheiro da
empresa da Malásia para manter as atividades e contava com a ajuda dela
na negociação com credores.
"O acordo ainda está pendente de uma visão clara. A reestruturação da
dívida tem que ocorrer primeiro", disse Shamsul Azhar Abbas,
diretor-executivo da Petronas, a repórteres na Malásia.
SEM DINHEIRO
Segundo relatório do Deutsche Bank, sem o pagamento da Petronas, o caixa
da OGX acaba até o fim de outubro. A empresa fechou o segundo trimestre
com R$ 722 milhões em caixa, após gastar seus recursos em
investimentos, juros e no pagamento de multa à OSX, estaleiro do grupo
de Eike.
Para o banco, o caixa da OGX não é suficiente para pagar fornecedores,
funcionários, fazer os investimentos mínimos e honrar os juros da dívida
no exterior.
No seu balanço, a petroleira afirma que, "para manter a continuidade das
operações", depende do pagamento das parcelas do acordo com a Petronas,
da entrada em produção do campo de Tubarão Martelo e da possibilidade
de obrigar o controlador a injetar US$ 1 bilhão na companhia.
Para analistas, a OGX tem poucas chances de conseguir colocar Tubarão
Martelo em produção sem a Petronas. O mercado também não acredita que
Eike vá colocar na empresa os recursos prometidos.
O aperto de caixa é tão grande que a OGX anunciou ontem que desistiu de
ficar com os blocos que adquiriu sozinha na 11ª rodada de área de
petróleo e gás natural da ANP, em maio, sob o argumento de não querer
assumir mais riscos exploratórios.
A empresa teria que pagar R$ 370 milhões pelos blocos até sexta-feira.
Com a decisão de devolver nove blocos e ficar com quatro, a conta caiu
74%, para R$ 95,9 milhões.
A OGX disse que vai devolver os blocos nas bacias de Barreirinhas
(três), Ceará (um), Foz do Amazonas (um) e Parnaíba (quatro), pelos
quais pagará R$ 3,4 milhões em penalidades. Os quatro blocos adquiridos
com ExxonMobil, Total e Queiroz Galvão Exploração e Produção serão
mantidos.
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/08/1333048-eike-oferece-fatia-da-ogx-para-credores.shtml
2013/08/28
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