Absolutamente lastimável a covarde agressão sofrida pela equipe do jornal O Dia, no Rio de Janeiro, por integrantes de um grupo miliciano, fato fartamente anunciado neste domingo.
Deixo claro meu protesto veemente.
Mas, ao mesmo tempo, proponho aos colegas e à comunidade uma reflexão: em que bases de segurança são, hoje em dia, executados projetos como o dos jornalista de O Dia, que se infiltraram numa favela, local em que, suscetibilidades à parte, muitas vezes mora o perigo, em busca de uma reportagem especial? Havia algum respaldo qualquer, em qualquer sentido, que garantisse a integridade física dos profissionais?
É claro que a atividade jornalística engloba perigos, e é justamente a sua superação que garante um bom trabalho, que apresenta a informaçao de qualidade para a população. Jornalistas são feridos e mortos executando suas tarefas, em gerras, acidentes, catástrofes, enfim, no cotidiano que espreita em cada esquina.
No entanto, o jornalismo investigativo pode (e [por quê não?] deve) ter um suporte. Estamos completando seis anos da tortura e morte do Tim Lopes, também numa das favelas do Rio de Janeiro. Cito aqui, de novo, a questão da suscetibilidade, pois falamos de uma pessoa do bem, bom profissional e amigo, como foi posto pelos colegas após sua morte, que estava trabalhando...
mas entrar sozinho, à noite ou madrugada, em uma área carente e violenta do Rio, dominada pelo tráfico, com uma câmera escondida, sem avisar nada a ninguém, para colher imagens, não seria imprudente demais? Até que ponto pode ir o ímpeto de um jornalista, sem esbarrar na busca do heroísmo fácil? Não quero desmerecer o trabalho do Tim Lopes ou de quem quer que seja, mas um trabalho desse tipo tem que ter planejamento, tem que ter um suporte de uma equipe.
Ode ao trabalho, ódio à imprudência.
2008/06/01
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