A decisão da Justiça Eleitoral em não permitir a entrevista com candidatos aos cargos públicos eletivos, com relação às eleições de outubro, mesmo merecendo críticas, serve como um alerta a grande parte da imprensa sobre o papel que vinha sendo adotado por muitos veículos de comunicação de massa nos últimos anos.
Considero um tanto quanto exagerada tal medida, uma vez que seus efeitos, de certa forma, acabam cerceando a própria atividade jornalística. A prática nos impede, por exemplo, de expor publicamente as idéias, projetos e impressões dos candidatos sobre assuntos diversos, um dos meios mais fáceis para que os eleitores, obrigados que são a votar, possam vir a conhecer melhor aqueles que se lançam à política. E, se me permitem parênteses, as últimas safras de candidatos foram muito amargas.
Por outro lado, a Justiça Eleitoral, e é no momento o que me ocorre, pois me recuso a acreditar em algo que sequer remeta à vaga lembrança da censura, vem, por linhas não muito esguias, tentar impedir o que seria o favorecimento de alguns candidatos por determinados meios de comunicação, em detrimento de outros. Mas isto, no entanto, não seria papel da própria imprensa? Não seria um princípio básico fornecer espaços equivalentes a todos, pelos menos àqueles que disputam cargos de maior relevância, e que, por isso mesmo, são em menor número? Não seria o papel da imprensa informar ampla e corretamente ao eleitor?
Esta, na verdade, é uma discussão que vem ganhando corpo principalmente desde a década passada. A prática, entretanto, se arrasta há muito tempo. Nos Estados Unidos, por exemplo, grandes redes de comunicação revelam abertamente que candidatos apóiam. No Brasil, obviamente, o apoio existe, mas é velado, mascarado, embora nem sempre se consiga esse disfarce.
A decisão da justiça, nesse caso, pode impedir o que seria o desenvolvimento de um processo contemporâneo de comunicação, notadamente partindo de sua administração, refletido num possível apoio explícito dos meios de comunicação a candidatos ou partidos e suas coligações.
Interesses à parte (e são muitos, em diversas esferas), esse é apenas o início do que acredito ser um grande debate.
2008/06/18
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