Jovem paraplégico dá pontapé inicial da Copa no Brasil
Atuando como neurocientista desde 1984, Miguel Nicolelis começou a pesquisar formas de reestabelecer o controle motor e a sensibilidade tátil em pacientes com lesões medulares ou neurológicas em 2001, quando cientistas de várias partes já vinham tentando desenvolver uma veste robótica semelhante a BRA-Santos Dumont 1. Ao longo de mais de dez anos de pesquisa junto com vários outros especialistas, o grupo de Nicolelis conseguiu criar um mecanismo tecnológico que permite que uma pessoa emita sinais elétricos cerebrais que acionem um artefato robótico. Essa chamada interface cérebro-máquina foi a primeira etapa para o desenvolvimento do exoesqueleto.
Testes desse primeiro protótipo foram concluídos com sucesso no último dia 28 de maio, quando pacientes usando a veste robótica não só conseguiram realizar movimentos classificados como “naturias” e “fluidos”, mas relataram estar se sentindo caminhando com as próprias pernas. A resposta dos pacientes foi um importante avanço, pois significa que a sensação dos membros paralisados havia sido restabelecida, o que permitirá que eles possam caminhar e se locomover da forma mais natural possível com o exoesqueleto. Para tornar isso possível, foi necessário desenvolver uma espécie de pele artificial, formada por placas flexíveis de circuitos integrados. Aplicada na planta dos pés dos pacientes, cada placa contem sensores de pressão, temperatura e de velocidade que permitem que, ao se colocar de pé e caminhar, o usuário do exoesqueleto receba um estímulo tátil enviado a uma região da parte superior do corpo, como os braços. Além disso, segundo seus inventores, o exoesqueleto praticamente impede quedas.
Testes do protótipo que será apresentado ao mundo hoje foram feitos com oito pacientes da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), em São Paulo (SP). No dia 29 de abril de 2014 um dos pacientes conseguiu dar os primeiros passos com a veste robótica, usando somente o cérebro para os comandos. Até o dia 20 de maio, os pacientes já tinham dado, em média, 120 passos com o exoesqueleto cada um.
Agência Brasil
JB
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