Na madrugada de sexta, grupo invadiu Instituto Royal e levou 178 cães da raça beagle
SÃO PAULO - Cerca de 50 ativistas, segundo a Polícia Militar, acamparam na noite de sexta-feira em frente ao Instituto Royal, em São Roque (SP), em protesto contra o uso de animais em testes do laboratório. Outra manifestação, convocada pelas redes sociais, está marcada para acontecer às 10h neste sábado também en frente ao laboratório. Os ativistas acusam a instituição de praticar maus-tratos contra cães, coelhos e ratos. Na madrugada de sexta-feira, o grupo de 80 pessoas invadiu o instituto e levou 178 cães da raça beagle.
Ontem, o juiz Fabio Calheiros do Nascimento, da 1ª Vara Cível de São Roque, concedeu uma liminar aos proprietários do Instituto Royal, para garantir a integridade do prédio contra nova invasão. Segundo o site G1, para que se cumpra a liminar, a Polícia Militar deve ser acionada para manter a ordem no local.
Segundo a polícia, os ativistas vão responder por furto qualificado. Os representantes da Frente Antivivisseccionista do Brasil também registraram boletim de ocorrência de maus tratos e abusos praticados contra os animais pelo instituto. A entidade afirma ter recebido denúncia de que cães e camundongos foram sacrificados e colocados no porão. Na quinta-feira, os ativistas ouviram ganidos de cães, que teriam sido submetidos vivos à dissecação para pesquisa. Os ativistas informaram que os ganidos, que indicam sofrimento dos animais, são ouvidos quatro vezes por dia. Afirmaram ainda que o ato fugiu do controle e que pessoas não ligadas ao movimento também entraram na sede do Instituto.
Defensora dos animais há 15 anos, Giuliana Stefanini é uma das líderes do grupo, que também contou com a participação da apresentadora e ativista Luísa Mell. Segundo Giuliana, o grupo investigava o laboratório há cerca de um ano e meio com a ajuda de um funcionário do próprio instituto.
- Uma pessoa de lá, que mantém o anonimato, é quem passava tudo para gente. Durante a tarde de quinta-feira fomos informados que eles mataram 12 Beagles. Do lado de fora, escutamos gritos horrorosos das cadelas, todos nós choramos, inclusive quem não era ativista, como o nosso advogado. Mataram todos os camundongos também. Eles iam matar todos os outros e, por isso, antecipamos nossa invasão. Foi tudo pacífico, só queríamos resgatar os animais - contou.
A pesquisa de medicamentos em animais é permitida por lei no Brasil, mas existe protocolo a ser seguido. Segundo o promotor Wilson Velasco Júnior, do Ministério Público Estadual em São Roque, o Instituto Royal era investigado desde o fim do ano passado, após denúncias de abusos contra os animais.
Segundo ele, apesar de as pesquisas serem legais, é preciso que os laboratórios sigam um protocolo, para que não imponham sofrimento desnecessário aos animais.
- Um animal só pode ser usado uma vez. É preciso que haja intervalo entre os procedimentos e eles devem ser anestesiados, para que não sintam dor - afirmou.
Segundo ele, quando se afirma que não houve maus-tratos aos cães significa apenas que eles não passaram fome, não foram espancados e não estavam sem contato com a luz do sol.
- O inquérito civil aberto para apurar a ação do Instituto Royal apura mais que isso. Investigamos se os protocolos de pesquisa estavam sendo seguidos. Pedi e recebi laudos de veterinários e biólogos, mas ainda não analisei o conteúdo. Agora, minha investigação foi prejudicada. As provas, que são os cães, foram levadas - reclamou.
O promotor afirmou que o Ministério Público do Estado já se posicionou contra a lei que permite o uso de animais em pesquisas. A diretora do Instituto Royal, Silvia Ortiz, disse ao Jornal Hoje, da TV Globo, que segue todos os procedimentos estipulados pela Anvisa. A empresa classificou o ato como terrorismo.
- Estamos muito chateados, pois fazemos um trabalho sério por mais de dez anos.
O Globo e G1
2013/10/19
Ativistas fazem hoje novo protesto contra pesquisa com animais
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