2011/06/02

Manifesto da oposição da Fafic

A HORA DA MUDANÇA! O RESGATE DAS TRADIÇÕES!

As histórias começadas e desempenhadas pelos homens (...) não voltam para trás no sentido daquilo que era anteriormente conhecido, mas evoluem para um futuro desconhecido, tal fato, dizíamos, deve a sua existência, não a uma especulação teórica, mas a uma experiência política e ao curso dos acontecimentos reais. (ARENDT, 1971, p. 51- 54).


Como sugere o texto acima, as histórias produzidas pelos homens não apenas evoluem para o desconhecido, mas estão também em constante mudança. Essas mudanças não acontecem necessariamente com a extinção do que os homens fizeram, ou seja, nada é completa e radicalmente novo, mas o fruto mais ou menos desejado da interação entre a tradição e a mudança, entre o ato de produzir e de reproduzir.

Nesse sentido, o novo não é o resultado de uma mudança total de tudo! As novidades guardam partes das tradições e as mudanças precisam encontrar espaços e meios de estabilidade. Ambas – a mudança e a estabilidade – não são excludentes, ao contrário, se complementam. E se uma ou outra prevalece, é pela mais pura vontade dos homens e das mulheres que as fazem.

A partir dessa reflexão assumimos aqui a perspectiva de que a história não fica 50 anos estática e que mudar, se adequar a novas demandas, olhar de maneira diferente é determinante para continuar existindo. Mas não ignorando aquilo que aprendemos a fazer e a fazer muito bem! Entretanto, temos assistido nesses dez últimos anos na Faculdade de Filosofia de Campos a um movimento marcado por tomada de decisões que não reconhece a importância das tradições historicamente construídas, tradições que produziram a própria identidade formativa da instituição e determinou o importante papel que a mesma assumiu no Município e nas regiões circunvizinhas.

Isso se faz evidente no processo de desmanche que temos vivenciado em relação às licenciaturas da Faculdade de Filosofia de Campos e, por que não, da tradição institucional. Processo esse marcado pela tomada de decisões equivocadas, a maior parte delas a revelia das Coordenações de Curso que, se tornaram, nos últimos anos, um espaço político esvaziado, uma vez que as determinações deixaram de ser discutidas internamente para serem resolvidas de “cima para baixo”. Ora, se voltarmos um pouco na história será possível lembrar-se do tempo no qual os problemas das licenciaturas eram densamente discutidos nos colegiados entre professores, coordenadores e vice-coordenadores, de onde saíam às propostas, os projetos e as ações.

Talvez o primeiro grande equívoco tenha sido o corte das Vice-Coordenações, decisão tomada sem que fosse discutida sequer pelo Conselho das Coordenações, muito menos pelo Conselho Superior. De forma rápida, também os Coordenadores foram perdendo espaço e transformados em caçadores de alunos. Alunos difíceis, Coordenadores culpados! E as Coordenações não tinham sequer autonomia para tomar decisões. A última decisão foi no sentido de que as Coordenações das Licenciaturas passassem a dividir um mesmo espaço, em nome da suposição de que, juntos, os Coordenadores poderiam pensar em saídas para a “crise”. Declarados culpados, agora eles que encontrassem a saída... Uma série de práticas democráticas, marcas tradicionais da instituição, foi simplesmente ignorada em nome da “crise das Licenciaturas”.

Crise das Licenciaturas, crise do Magistério e crise da FAFIC. Como reinventar nossas tradições? Como preservar a democracia interna? Como enfrentar a concorrência sem perder a alma? E se a crise for, principalmente, de gestão, ou de um modelo de gestão que se esgotou na sua própria reprodução? E se a crise for uma crise de inércia, de falta de idéias novas, enfim, de falta justamente de oxigênio e de renovação, para que a instituição possa, de fato, respirar novos ares?

O que propomos, portanto, é a mudança com projetos que ampliem o foco de atuação da instituição no Ensino Superior e no Ensino Técnico. Mas assumindo o compromisso de rever algumas decisões para que, neste novo tempo, a Faculdade de Filosofia de Campos possa se estabelecer como uma instituição de vanguarda e resgatar seu prestígio na Formação de Professores.

Para tanto, o ponto de partida será retomar a prática de levar para o debate coletivo a discussão sobre os projetos atuais da faculdade para as licenciaturas. De igual modo, pensamos ser necessário um trabalho sistemático com os alunos das escolas públicas municipais, uma vez que, de acordo com o Relatório do ENADE, mais de 70% de nossos alunos são oriundos dessas instituições.

Acreditamos que esse investimento deverá ser acompanhado de uma política institucional que valorize o magistério e apresente-o como uma alternativa de ascensão social aos jovens, levando ao conhecimento dos mesmos: i) histórias de professores bem sucedidos e que transformaram suas vidas por meio do magistério; ii) as discussões que têm sido tecidas, em esfera federal, sobre a valorização salarial do professor; iii) amplitude do mercado de trabalho para um portador de diploma de licenciatura; e, iv) a perspectiva de salário inicial para um professor em nossa região, que está acima da média de salários de outros profissionais.

Além disso, será necessário resgatar a qualidade dos cursos oferecidos com um currículo que, na prática, corresponda ao que está proposto ao aluno. Ou seja, nosso objetivo será fazer valer o que está previsto nas matrizes curriculares em termos de carga horária, sem cortes na quantidade de aulas em nome da “viabilização dos cursos”, pois, se é verdade que a instituição vive um momento complicado, também é verdade que o aluno e o professor não devem ficar com o prejuízo.

Oferta de novos Cursos com critérios objetivos e pesquisa de mercado, investimentos cuidadosos e calculados, renovação com segurança, preservando nossas melhores tradições, parece que, enfim, soou a

Hora da Mudança!

Daniel Barreto
Diretor

Eduardo Peixoto
Vice- Diretor

Do blog Fernando Leite & Outros Quintais
c/ed.
Obs. Fafic (Faculdade de Filosofia de Campos) - RJ

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