2018/09/10

Ninguém aguenta mais Tite, Neymar e cia.


Renato Maurício Prado
UOL
0/09/2018 09h49

A antipatia aumenta, o interesse e, consequentemente, a audiência despencam. Essa é a realidade da seleção brasileira depois do fracasso na Copa do Mundo. O insosso amistoso contra os Estados Unidos não empolgou ninguém e soube de muita gente apaixonada por futebol que nem se deu ao trabalho de assistir à pelada pela TV.

Natural. Quem ainda suporta aquele discurso de autoajuda do nosso dublê de técnico e encantador de serpentes? Ele sequer foi capaz de reconhecer os muitos erros que teve na Rússia! Na volta, passou um tempão calado e quando abriu a boca, mostrou que não aprendeu bulhufas com a derrota.

Humildade zero; aprendizado, idem.

Pior: resolveu agora entregar a braçadeira de capitão a Neymar, numa rendição incondicional ao jogador que se tornou uma piada no mundo todo, exatamente, por seu péssimo comportamento nos gramados russos. Pode existir mensagem mais danosa para a seleção? Aqui e no exterior?

A cada dia que passa aumenta a impressão de que Tite já deu o que tinha que dar. Após a derrota para a Bélgica, apesar dos fracos desempenhos nos jogos anteriores, acreditava-se que ele merecia uma segunda chance – até porque a lista de substitutos não é das mais animadoras. Mas, o mínimo que se esperava era que o treinador fizesse um belo exame de consciência e percebesse que muitos dos seus conceitos estavam equivocados.

Se o futebol do Brasil sobrou nas eliminatórias sul-americanas, foi incapaz de se impor, na Copa, contra os europeus, mesmo os mais fracos. E o primeiro tempo contra a Bélgica mostrou o abismo tático que separa o técnico espanhol Roberto Martinez do nosso Adenor Bachi. Ele, porém, não consegue ver nada disso. Muito pelo contrário.

Da mesma forma que não é capaz de enxergar que sua postura permissiva e paternalista com os jogadores e seus parentes e amigos ajudou a formar um grupo no qual o foco, muitas vezes, deixou de ser a principal competição esportiva do planeta. O que parecia era uma grande excursão turística na qual, de quando em quando, havia um jogo de futebol. Que festa! Que o diga o pai de Neymar, hospedado no hotel da delegação, e os filhos dos atletas brincando dentro dos campos de treino.
Do técnico infalível, visto antes do Mundial como um dos melhores do mundo, forte candidato a assumir um grande clube europeu, restou pouco. Aquele messiânico discurso de autoajuda, ao que parece, encantou o próprio autor, que se tornou prisioneiro de seu personagem, incapaz de avaliar os seus erros e a enorme rejeição que ele, Neymar e a própria seleção passaram a ter. Ou alguém acredita que o ridículo amistoso contra El Salvador empolgará alguém? Ou ainda o jogo das arábias, contra os sauditas? Ou mais um duelo contra os argentinos, desta vez sem Messi?

A falta de sensibilidade de Tite é tamanha que ele não percebeu nem o absurdo que fez, ao convocar jogadores dos clubes envolvidos nas semifinais da Copa do Brasil, poupando o Palmeiras – clube de coração do ex-presidente Marco Polo Del Nero que, mesmo banido do futebol, continua a dar as cartas na CBF.

Nosso técnico, como dizia uma velha raposa do mundo da bola, perdeu o “desconfiômetro”. Para perder o cargo, bastam mais alguns passos. Ou nos deixaremos enganar pela Copa América do ano que vem, uma vez mais um baita “Me engana que eu gosto” contra sul-americanos?

http://esporte.uol.com.br/colunas/campo-livre/2018/09/10/ninguem-aguenta-mais-tite-neymar-e-cia.htm
 

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