MC Guimê e o abismo entre o que poderíamos ser e o que seremos realmente
Por sugestão de uma assídua leitora de minhas mal traçadas linhas, a cantora Luciana Araújo, assisti a entrevista que o tal MC Guimê deu a Mario Sergio Conti no programa Diálogos – papo este que você pode assistir aqui - e confesso que meu desalento em relação ao futuro aumentou consideravelmente.
“Você pode comprar tudo o que quiser” é slogan principal que Guimê traz embutido em qualquer coisa que fale e “cante”. Sim, a palavra está entre aspas porque, como cantor, o garoto soa como se suas amígdalas tivessem sido substituídas por duas bolas de Natal quebradas. Em várias respostas, Guimê se mostra como o mais fiel retrato de uma molecada emergente das camadas menos privilegiadas em termos sócio/econômicos que, de repente, adquiriu meios de adquirir bens de consumo, mas que não conseguiu igual facilidade na hora de ter acesso à cultura e educação.
Quer um exemplo? Apesar do discurso falsamente contrário, Guimê se entrega quando diz “graças a Deus não precisei fazer faculdade”, como se cursar o Ensino Superior fosse o mesmo que fazer treinamento militar no Afeganistão. É um claro sinal de que ele representa uma molecada que hoje em dia prefere ser rica a ter um mínimo de cultura. Também, com o nível da maioria das faculdades espalhadas pelo País, nas quais alunos foram transformados em “clientes” e a capacidade de raciocínio foi reduzida a patamares microbióticos, não poderia ser diferente. Quando perguntado o
que faria se fosse Presidente da República, Guimê demonstra um despreparo intelectual tão grande que é facilmente associado com aquilo que pensa a garotada descerebrada que cada um de nós conhece e que gravita ao nosso redor no cotidiano. Nem vou comentar os pavorosos erros de concordância em qualquer frase que saia de sua boca. Afinal de contas, para quem não dá a mínima ao estudo, por que se preocupar com isto, né?
Musicalmente, o tal “funk ostentação” que Guimê e outros comparsas fazem é uma aberração. O que vale é ser muito desafinado, algo facilmente comprovado em qualquer troço que se ouça dentro deste universo torturante. Ao dizer que suas canções tem um “lado crítico”, ele também demonstra total ignorância em relação ao que significa a palavra “crítica”. Ele cita isto apenas porque pensa que pega bem ser “crítico” em relação alguma coisa, não importa o quê.
“Ostentar é mostrar o poder”, diz ele a certa altura do papo. Interpretei esta frase não apenas como a celebração de um consumismo exarcebado, mas como a busca por ostentar a aquisição de bens de consumo certamente se transforma em algo bem perigoso na mente de gente de má índole, o que Guimê não se dá conta ou finge não prestar atenção. Para piorar, o estímulo ao consumismo inconsequente surge exatamente da maneira imperativa e tendenciosa com que a propaganda nos dias atuais incute em cérebros pouco informados a necessidade de adquirir qualquer produto, até mesmo aqueles que não terão qualquer utilidade na vida de cada um.
Ao conceder esta entrevista, MC Guimê fez um grande favor a todos nós: mostrou que é a prova viva de que a molecada atual – que deseja ser e pensar como ele - e as futuras gerações estão caminhando inclementemente para o buraco.
Em https://br.noticias.yahoo.com/blogs/mira-regis/mc-guim%C3%AA-e-o-abismo-entre-o-que-162007521.html
Obs. do Blog - particularmente não gosto do funk (e não sei como alguém pode gostar, mas respeito a todos), e não o tenho como movimento social e muito, mas muito menos cultural. Como pseudo tipo de válvula de escape de pseudos oprimidos, está muito mais próximo de uma infernal sacada de gravadoras para empurrar goela abaixo um lixo produzido a custo baixo.
Não é que o jovem brasileiro não goste de boa música e cultura, mas essas opções não são oferecidas a ele. É o que se tem para hoje, dizem também os pseudos produtores culturais, e tome canções de péssimo gosto, com erros de português - um material chulo, rasteiro, grosseiro, violento, sem futuro...
2014/04/23
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