Em meio ao balanço de números da tragédia que completa nove dias nesta quinta-feira (20) e também às primeiras ações de reconstrução, dados da secretaria estadual de Saúde e da Defesa Civil do Rio de Janeiro (Sesdec-RJ) e também das Defesas Civis municipais apontam que pelo menos 761 pessoas já morreram na região serrana do Estado. O número pode aumentar: além dos trabalhos de resgate que podem seguir ainda por mais um mês, segundo a Defesa Civil estadual, também hoje o Ministério Público Estadual (MPE) divulgou que há 333 desaparecidos em toda a região.
Entre os mortos, segundo a Sesdec, os maiores números se concentram nas cidades de Nova Friburgo (364) e Teresópolis (304), que, juntas, respondem por quase 90% do total de mortes. Há ainda 65 mortos no distrito de Itaipava, em Petrópolis, 21 em Sumidouro, além de uma morte em Bom Jardim e seis em São José do Vale do Rio Preto, onde os corpos foram encontrados, mas que, de acordo com a prefeitura, não seriam de moradores da cidade e devem ter sido levados até lá pelas enchentes.
Entre desalojados e desabrigados, o número mais expressivo até esta quinta é o de Teresópolis, onde, apesar de o centro da cidade não ter sido atingido pela devastação de enchentes e deslizamentos, já há 5.058 desabrigados e 6.210 desalojados, conforme os números da prefeitura. Pelos dados da Sesdec, Petrópolis tem ao menos 3.600 desalojados e 2.800 pessoas desabrigadas, enquanto Nova Friburgo tem 3.220 desalojados e 1.970 desabrigados.
333 ainda desaparecidos
Pela nova lista do MPE, são 117 desaparecidos em Nova Friburgo, 156 em Teresópolis, 29 em Petrópolis, três em Bom Jardim, um em Sumidouro, um em São José do Vale do Rio Preto e 26 em localidades não informadas. As informações registradas por parentes e amigos são comparadas com dados de hospitais e do Instituto Médico Legal (IML).
Aluguel social
Nesta quinta, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), se reuniu em Teresópolis com prefeitos das cidades afetadas para a assinatura do convênio que prevê o cadastramento e o pagamento do benefício do aluguel social. Pelo acordo, o cadastramento das famílias será realizado pelos governos municipais e deve começar já nesta sexta-feira (21).
Inicialmente, 7.000 famílias dos sete municípios prejudicados pela chuva que atingiu a região serrana do Rio de Janeiro receberão aluguel social. De acordo com o governador, a perspectiva é de que o benefício comece a ser pago a partir do mês que vem. O valor total dos recursos será de R$ 40,8 milhões ao ano, cedidos pelos cofres dos governos estadual e federal.
PAC
Também nesta quinta, em Brasília, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse -- após a primeira reunião do Fórum de Infraestrutura, no Palácio do Planalto – que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) destinará R$ 11 bilhões para obras de contenção de encostas e drenagem contra enchentes. A presidente Dilma Rousseff também participou da reunião.
Belchior afirmou que R$ 10 bilhões serão destinados à drenagem e R$ 1 bilhão para contenção de encostas e metade desses recursos já está à disposição para ser liberado aos municípios que apresentarem projetos consistentes.
Prejuízos e investimentos
Desde terça (18), moradores e voluntários dos municípios mais afetados pelas chuvas deram início à reconstrução das cidades e à distribuição de alimentos, roupas e kits com remédios para a população desabrigada.
Em Nova Friburgo, responsável por 25% da produção nacional de lingerie, os comerciantes já começam a calcular também os prejuízos causados pelas chuvas. A maioria das fábricas foi afetada pela inundação e as intactas estão sem trabalhadores, contabilizados entre mortos, feridos, desaparecidos, desabrigados e ilhados. Estão também sem fornecedores e sem clientes após a tragédia.
O Banco Mundial anunciou que vai liberar um empréstimo no valor de US$ 485 milhões para ajudar o governo do Estado do Rio de Janeiro a reconstruir as cidades.
Na quarta (19), o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, anunciou um pacote anticatástrofe que prevê treinamento das defesas civis municipais e compra de radares.
Saiba como ajudar
As cidades afetadas recebem doações de diversas partes do país (veja aqui como ajudar). Entre os itens mais pedidos pelas prefeituras e Defesa Civil de Teresópolis estão velas e produtos de higiene pessoal (pasta de dente, escova de dente, xampu, sabonete, absorvente e fraldas descartáveis).
As prioridades de Petrópolis são mantimentos, material de limpeza, objetos de higiene pessoal, lençóis e roupa de cama. A cidade recebeu gratuitamente mais de 1,5 milhão de litros de água no sábado (15) e afirma que o abastecimento está praticamente normalizado. Nova Friburgo pede, principalmente, água e vela. Também são necessárias roupas íntimas, talheres, pão de forma, produtos de higiene pessoal e fósforo. Sumidouro pede água, pó de café, feijão, enlatados, leite em pó, açúcar, material de higiene, fósforos, velas, isqueiros, cobertores, colchões, roupas de cama, mesa e banho, roupas de adultos e crianças, calçados.
Em Teresópolis, os itens de mais necessidade são produtos de higiene pessoal (incluindo fralda descartável e geriátrica), vela, fósforo e roupas íntimas. A cidade reforça o pedido de galochas e capas de chuva, que serão usados por profissionais e voluntários em campo.
Uol
Atualizada 20/01/2011 - 17h38
* Com informações de Fabiana Uchinaka e Rodrigo Bertolotto, enviados especiais do UOL Notícias em Nova Friburgo, Daniel Milazzo, enviado especial do UOL Notícias em Teresópolis (RSJ), e de Camila Campanerut, do UOL Notícias em Brasília
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