Arcos Olímpicos durante o amanhecer na praia de Copacabana
Diego Padgurschi/Folhapress
"Rio de Janeiro".
As três palavras proferidas em 2 de outubro de 2009 pelo belga Jacques Rogge, então presidente do Comitê Olímpico Internacional, ratificavam o Brasil na condição de xodó no cenário mundial.
Com a economia ascendente e um líder político, Luiz Inácio Lula da Silva, então adulado até por Barack Obama, o país decolava nas páginas do noticiário internacional. A conquista do direito de sediar a Olimpíada, a primeira na América do Sul, seria o cume.
O cenário do Brasil e, principalmente, do Rio se alterou substancialmente ao longo dos 2.499 dias que transcorreram entre a escolha da sede e a abertura dos Jogos, nesta sexta, dia 5 de agosto.
Às 20h, quando começar a contagem regressiva de 60 segundos no Maracanã, em meio a um público de cerca de 50 mil pessoas, os Jogos de 2016 terão seu início oficial, com algumas marcas. Entre elas, está o sonho (factível, diga-se) do esporte brasileiro de se tornar uma potência. Por outro lado, a segurança nas arenas, que passou por alterações no últimos dias, é fonte de preocupação, e a organização está em xeque após as falhas detectadas na Vila Olímpica.
A marola positiva dos anos Lula deu lugar a uma crise grave, que levou ao processo de impeachment de sua sucessora, Dilma Rousseff.
Caberá a um presidente interino, Michel Temer, abrir a 31ª Olimpíada.
O país mergulhou na maior recessão de sua história desde a redemocratização. Em meio à desvalorização do real e o aumento da inflação, o governo do Estado do Rio, com as contas em colapso, decretou calamidade pública.
Única figura política de destaque remanescente da candidatura de 2009, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) confia seu futuro político ao sucesso do evento.
Sediar a maior competição esportiva do mundo –10.900 atletas de 205 nações em 42 modalidades— implicou custo de ao menos R$ 39 bilhões.
A promessa feita na candidatura era a de que a competição impulsionaria transformação no Rio, que já havia tentado ser sede em 2004 e 2012 —em 1956, tentou receber as provas equestres dos Jogos de Melbourne.
Houve recuperação de parte do centro histórico e da região portuária e inauguração de uma nova linha do metrô, mas promessas ficaram pelo caminho, sendo a despoluição da baía de Guanabara a mais relevante.
Nos meses finais, sobretudo, problemas e tensões se acumularam.
A disseminação do vírus da zika foi usado como justificativa por alguns atletas para não virem ao Rio.
Atentados terroristas em série na Europa causaram apreensão quanto à capacidade de o Brasil garantir segurança de atletas, oficiais e chefes de Estado.
A violência virou gargalo da organização por problemas com a empresa de segurança contratada para fazer revistas nas entradas de arenas.
O esquema de segurança, aliás, envolverá mais de 51 mil pessoas e terá seu grande teste na festa desta noite.
Em meio às vindas do nadador Michael Phelps e do velocista Usain Bolt, o esporte convive com a sombra do doping. A federação internacional de atletismo baniu o time russo depois que a Agência Mundial Antidoping revelou envolvimento de atletas, técnicos e do Estado em amplo esquema de dopagem.
No sábado (6), a ação começa. O Brasil inicia busca pelo status de potência olímpica. O esporte nacional contou com a melhor preparação da história, com investimento federal na casa de R$ 2 bilhões. A meta é chegar ao top 10, pelo total de pódios. Em Londres-12, foram 17 pódios. Esportes como vôlei e judô são os carros-chefes.
A continuidade desse novo status, contudo, já corre riscos. Os principais patrocinadores devem cortar investimentos com o encerramento dos Jogos, que acontece no dia 21, no Maracanã.
MARIANA LAJOLOPAULO ROBERTO CONDE
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
2016/08/05
Rio-16 começa com sonho do país de ser potência e segurança como preocupação
Marcadores:
abertura,
Brasil,
COI,
Jacques Rogge,
Maracanã,
Michel Temer,
Olimpíadas,
Rio de Janeiro
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário