Imagem do Papa abraçando idosos e beijando crianças pelas ruas do Rio ficará para sempre na memória dos brasileiros
Rio - O Rio amanhecerá diferente nesta segunda-feira. Aquela imagem que se transformou em alegre rotina da cidade, do senhor alto e rechonchudo, carismático, de semblante calmo, vestes brancas e solidéu, percorrendo as ruas, sempre cercado por uma multidão ávida por simples aceno, ou, aos mais afortunados — como idosos, criancinhas e jovens devotos —, distribuindo abraços, beijos e um apertar de mãos, já não está entre nós.
Após extensa rotina em sete dias da Jornada Mundial da
Juventude, o Papa Francisco, o primeiro latino-americano a assumir o
mais alto posto da Igreja Católica, partiu neste domingo à noite para
Roma. Mas deixa muitas saudades. E muitas lições a aprender.
E talvez a principal delas seja o recado curto e grosso dado aos governantes. De desapego ao egoísmo e benesses do cargo para proveito próprio — numa época em que explodem protestos de todos os lados nas ruas e autoridades ainda teimam em passear com a família de aeronaves às custas do dinheiro público.
Mais do que a pregação de amor e fé aos milhões de fiéis que chegaram de todos os pontos do país e do mundo — de levar a mensagem do Evangelho sem medo aos que precisam —, em todos os discursos do Santo Padre, marcou a preocupação por políticas de inclusão dos mais pobres.
Um recado que, espera-se, a presidenta Dilma Rousseff, presente nas cerimônias de chegada e na grande missa em Copacabana nesta domingo, tenha sublinhado mais fortemente em sua agenda de governo. À cidade que se prepara para a Copa e as Olimpíadas, Sua Santidade e a Jornada deixam também outro recado. O de que ainda há muitos desafios a superar para dar aos visitantes um transporte coletivo, público e privado, minimamente digno.
Agradecimentos na despedida
Se Francisco deixa saudades. A recíproca para Sua Santidade em relação ao povo é verdadeira. Para expressar esse sentimento, o Papa repetiu por várias vezes a palavra saudade em rápida fala de despedida, na Base Aérea do Galeão, à noite. Na presença de autoridades e tendo o vice-presidente Michel Temer representando Dilma, o Papa agradeceu mais uma vez aos jovens que participaram da Jornada e à população brasileira.
“Neste momento, já começo a sentir
saudades. Saudades do Brasil, este povo tão grande e de grande coração.
Saudades do sorriso aberto e sincero que vi em tantas pessoas, saudades
do entusiasmo dos voluntários”, disse Francisco. O Papa já está em Roma.
Mas, como disse Dom Orani, “sua imagem pelas ruas permanecerá para
sempre conosco”.
'Sejam revolucionários, vão contra a corrente', diz Papa em encontro com jovens
No último evento antes de embarcar na Base Aérea do Galeão, o Papa Francisco falou a voluntários e peregrinos no Riocentro, na tarde deste domingo, e elogiou a atuação dos voluntários e peregrinos durante a Jornada Mundial da Juventude. "Sejam revolucionários, vão contra a corrente. Não tenham medo do que Deus lhes pede', pediu o Sumo Pontífice.
O Cardeal Arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, ficou
sentado ao lado de Francisco, que ganhou uma camisa de uma fiel da
Polônia, onde será realizada a próxima Jornada. Em cada pausa, o Santo
Padre era ovacionado pelos mais de 12 mil presentes. "Deus tem um
projeto para cada um. Há maior alegria em dar do que em receber. Podem
contar com as minhas orações, pois eu sei que posso contar com as
orações de vocês", disse.
Com uma oração da Ave Maria, o Papa encerrou encontro por volta das 18h e pediu que os jovens rezassem por ele.
Bispos devem amar a pobreza', afirmou Papa
No evento do Papa Francisco com o comitê de coordenação do
Conselho Episcopal Latino-Americano que aconteceu no Auditório do Centro
de Estudos, no Sumaré, neste domingo, o Santo Padre destacou que a
função dos biscos na Igreja deve ser mais pastoral que administrativa.
"Os bispos devem amar a pobreza. Eles não devem ter o 'pensamento de
príncipes'. O diálogo que temos com os fiéis deve ser o mesmo com as
pastorais", disse ele, se referindo às pastorais da América Latina e do
Caribe.
O Sumo Pontífice também avaliou a
posição da Igreja no mundo de hoje. "Não podemos ceder à tentação de nos
colocarmos como centro. Quando isso acontece, a Igreja se transforma em
uma ONG. O clericalismo na América Latina é preocupante. A posição de
um discípulo missionário não é de centro, mas de periferia, como gosto
de dizer", avaliou Francisco.
Multidão de peregrinos na saída de Copacabana
Em seu discurso, o Papa anunciou cidade onde será realizada a próxima Jornada Mundial da Juventude: Cracóvia, na Polônia. "Queridos jovens, temos encontro marcado na próxima Jornada Mundial da Juventude, no ano de 2016 em Cracóvia, na Polônia", afirmou o pontífice. Após o anúncio, os jovens comemoraram a escolha e gritaram "Polônia".
Sobre matéria de
Nenhum comentário:
Postar um comentário