A multinacional suíça Glencore Xtrata fez uma oferta pelo porto do
Sudeste, que pertence à mineradora MMX do empresário Eike Batista. Os
negociadores do grupo EBX consideraram o valor "ridículo" e recusaram,
mas as negociações continuam.
Segundo a Folha apurou, Eike gostaria de vender uma fatia de sua participação na MMX, que inclui as minas e o porto, e hoje é de 59,3%.
Mas a Glencore insiste em comprar apenas o porto.
Outras duas empresas também manifestaram interesse pelo porto do Sudeste, mas até agora não fizeram ofertas firmes de compra.
O empresário, que já foi o sétimo homem mais rico do mundo, enfrenta uma
crise de confiança desde que a produção da petroleira OGX ficou aquém
do esperado.
Do início do ano até agora, as ações da MMX acumulam queda de 70%,
fechando a R$ 1,25 ontem. No mesmo período, as ações da OGX caíram 79%,
para R$ 0,80.
O grupo EBX fez uma parceria com o BTG Pactual para buscar sócios para
as empresas. Eike já vendeu uma fatia na termoelétrica MPX para a alemã
E.ON e colocou à venda o tradicional Hotel Glória, no Rio de Janeiro.
JOIA DA COROA
O porto do Sudeste, na Ilha da Madeira, em Itaguaí (RJ), é considerado
uma das joias da coroa de Eike. A expectativa é que ele entre em
operação no fim do ano, e 75% das obras já foram concluídas.
Contrasta com outras empresas do grupo EBX, que demandam altos
investimentos para se tornarem operacionais -- e, por isso, despertam a
desconfiança do mercado.
A projeção da MMX é que o porto do Sudeste atinja capacidade para 50 milhões de toneladas de minério de ferro por ano em 2014.
O investimento necessário é de R$ 2,4 milhões.
Eike gostaria de encontrar um novo sócio estratégico para a MMX, a
exemplo da chinesa Wisco e da coreana SK Networks, que juntas possuem
19,3% da companhia.
Os possíveis compradores, no entanto, estão receosos.
A MMX ainda não obteve a licença ambiental para construir a barragem de
rejeitos necessária à expansão da unidade de Serra Azul (MG).
Os analistas do setor também duvidam que o projeto seja viável com o
preço do minério abaixo de US$ 100 por tonelada. Hoje a cotação é de US$
120 no mercado à vista, mas pode cair para o patamar de dois dígitos em
um futuro próximo por causa da desaceleração da economia da China, o
principal comprador global de minério.
Procuradas, MMX e Glencore não comentaram.
Em nota enviada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a MMX afirma
que avalia permanentemente oportunidades de negócio, "mas até o momento
não há qualquer contrato assinado".
Raquel Landim
São Paulo
Folha de São Paulo
UOL
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