Como as cooperativas financeiras estão contribuindo para a recuperação da economia brasileira, por Lúcio César de Faria
“A atuação do SNCC continua demonstrando sua importância no
direcionamento de crédito para fomentar a atividade de pequenas e médias
empresas bem como de produtores rurais.”
No âmbito das medidas
governamentais e dos sistemas cooperativistas para minimizar o impacto
econômico-financeiro decorrente da Covid-19, a contribuição das cooperativas de
crédito para a recuperação econômica pode ser vista sob três vertentes:
1.suas características
intrínsecas;
2.perfil operacional decorrente
de sua evolução;
3.desempenho e oportunidades
advindas do “novo normal”, como se denomina a mudança de hábitos e costumes
pós-pandemia.
As características intrínsecas já
são bem conhecidas e não precisam ser explicadas, mas sempre merecem registro
por serem o diferencial desse modelo de negócio, ressaltando-se os princípios
cooperativistas – destacando-se no caso em análise a educação, formação e
informação e o interesse pela comunidade – e a especificidade de reciclagem da
poupança local, com implicação direta no desenvolvimento socioeconômico
regional.
Em relação ao perfil que se
delineou a partir do desempenho e da evolução do segmento, destacam-se a
presença em todo o território nacional, o aumento de cooperados e de unidades
de atendimento, o crescimento em depósitos e operações de crédito
proporcionalmente maior que os bancos, com aumento da participação no sistema
financeiro, a opção pela modalidade de livre admissão de associados e o
incremento de pessoas jurídicas no quadro associativo.
Daqueles fatores que serão
ressaltados com o “novo normal”, pode-se destacar o estímulo ao comércio e
empreendedorismo local e a sua conexão com as cooperativas, também iniciativas
de caráter comunitário.
As condições básicas para que
essa união se frutifique em prol da recuperação econômica já estão presentes
nas cooperativas financeiras e serão indicadas a seguir, sem que a ordem
signifique grau de importância, pois o conjunto é que favorecerá a retomada da
economia local.
•A primeira é o aumento do volume
de depósitos, mesmo em meio à crise, que decorre, além da confiança nas
instituições financeiras cooperativas, principalmente da forte interrelação
delas com o agronegócio, que tem sustentado a economia brasileira há longo
tempo. Isso permitirá às cooperativas manter o nível de recursos direcionados a
operações de crédito.
•A segunda, a predominância de
cooperativas de livre admissão e a ampliação das pessoas jurídicas associadas.
As cooperativas de livre admissão representam 63% do universo das cooperativas
captadoras de depósito e são as que têm maior participação de pessoas jurídicas
associadas, em comparação com os outros tipos de cooperativas, crédito mútuo e
crédito rural. Porém, nos três segmentos de cooperativas, dentre as pessoas
jurídicas associadas, predominam as de porte micro ou pequeno .
•A terceira delas, é o perfil da
carteira de crédito do segmento cooperativismo, que se alia à especificidade da
reciclagem da poupança local na promoção do desenvolvimento regional. Nas
pessoas jurídicas, há predominância de capital de giro (55,95%), investimento
(14,42%) e operações com recebíveis (8,61%), enquanto nas pessoas físicas
predomina a carteira rural e agroindustrial (37,65%) .
•A quarta, o conhecimento e o
relacionamento com os associados, que dá às cooperativas condições de
atendimento mais customizado e ágil quanto a suas necessidades de negociação ou
renegociação de operações.
Cooperativismo financeiro e
empreendedorismo local: esta união está sendo a alavanca para o revigoramento
da economia regional, que seguirá apoiada também na força do agronegócio,
contribuindo para o reerguimento da economia brasileira.
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Por Lúcio César de Faria,
graduado em Economia, Administração e Ciências Contábeis, e com pós-graduação
em Capacitação e Potencialização Gerencial. Atuou como assessor do Banco
Central do Brasil e como diretor do FGCoop, sendo também Conselheiro de
Administração formado pelo IBGC.
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